segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

é lá em luanda...

A Mecanagro não paga há um ano salários aos funcionários. Mas podemos ficar descansados, por vários motivos aliás:


1) já estamos habituados;
2) pertence ao governo, ao ministério;
3) isso fica lá em luanda.


E nós? Grande Natal, sr. director... Obrigado. 

domingo, 27 de novembro de 2011

populismo académico

O decano da Fac. de Economia da Univ. Katyavala Bwila afirma que se prevê um aproveitamento acima de 70% nesta Faculdade, segundo o JA. É estranho que, estando-se em época de exames, não se espere mais duas semanas para dizer o que realmente aconteceu.


Mas não só. O mesmo decano, segundo o mesmo jornal, afirma que "este facto, por si só, significa que a formação na instituição é boa". Excelente ideia para tornar a Katyavala uma Universidade digna desse nome: passamos muitos alunos (de preferência com 'amizade') e depois dizemos que ensinámos bem porque passaram muitos. Isto, se é rigor académico, fica tudo explicado. 


Pelo menos uma nota positiva. O decano ainda assim reconhece que "direcção e professores" estão "conscientes de que devem melhorar alguns aspectos". Já agora, ajudem o ISCED a perceber isso...

notícia promissora

Em Benguela, «Jovens fazem da agricultura actividade principal».


Quais jovens? De que região da província?


E esses mesmo, haviam de fazer o quê?

domingo, 11 de setembro de 2011

luxo na reitoria fechada, lixo nas aulas do ISCED

A reitoria da Universidade Katyavala Bwila sofreu obras lamentáveis: um espaço aberto, cheio de luz e arejado transformou-se numa fortaleza fechada, sombria, que exige, além do mais, danos ecológicos suplementares com gastos extra de energia elétrica e mais aparelhos de ar condicionado. Aquilo que era um edifício ecológico - feito para este clima, aproveitando o vento, deixando entrar a luz e jogando com ela - tornou-se numa espécie de masmorra de luxo, mas de um luxo de mau gosto, pretensioso, assinalando a estudantes e professores um serviço (a Reitoria) fechado sobre si próprio, alheio à cidade, uma espécie de fortaleza que defende os seus funcionários, incluindo o Primeiro entre eles (o Magnífico) de ataques, entrevistas, exposição de problemas diretamente por parte de alunos e docentes.

Em compensação, as salas anexas do ISCED no Iraque vão acumulando lixo, continuam a ter fossas a expelir águas para a terra em volta das janelas e dos acessos às salas - salas que, por sua vez, são feitas de materiais precários, impróprios para o efeito (aulas), deixando o som passar de um lado para outro, não suportando aparelhos nas paredes (complementos pedagógicos que se tornaram cada vez menos complementares no resto do mundo).

É um contraste que finalmente vem dar mostras do tipo de Reitoria que se tem neste momento na Universidade pública em Benguela. Como infelizmente acontece em muitos outros lugares, as instituições viram-se para si próprias, os dirigentes e funcionários tendem a explorá-las em seu próprio favor, e a função que é a sua razão de ser desempenha-se de qualquer maneira, torna-se afinal acessória.

Mais estranha ainda é a atitude da Direção do ISCED que, perante isto, não reage (pelo menos publicamente), não reivindica nem denuncia. O que de resto está de acordo com o desleixo em que deixa o próprio edifício-sede do ISCED, como se pode ver, por exemplo, pelo pequeno bar de apoio a estudantes e professores - pobre, escuro, mal gerido, prestando um péssimo serviço.

Não será por via da Universidade pública que o Ensino Superior em Benguela vai melhorar nos próximos anos.

sábado, 3 de setembro de 2011

Isced, fossa e ... lixeira

As salas anexas do ISCED-Benguela estão numa zona justamente conhecida como 'Iraque'. A designação é mesmo cada vez mais apropriada, porque as condições das salas aproximam-se passo a passo dela. Por exemplo agora, para além de fossas a largarem água por todo o lado, está-se a criar uma lixeira também, num buraco, próximo da sala 10 e do WC masculino. 


Mais uma vez o decanato do ISCED não parece ver nada. Mas o que anda afinal a fazer o Decano? 

domingo, 28 de agosto de 2011

isced fantasma

O ISCED-Benguela cada vez mais parece uma instituição fantasma: alunos dentro das salas ou nos corredores e à porta, sem aulas, cursos que passam dias inteiros sem um único professor, as reclamações dos alunos junto dos responsáveis sem nenhum eco. Uma ausência total de responsabilidade, profissionalismo e competência. O atual ISCED-Benguela consegue estar pior que antes do tempo do Reitor Paulo de Carvalho.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ISCED Benguela silêncio esconde problemas

Ao fim de duas semanas da data inicialmente prevista para o arranque das aulas, foram muito poucas as turmas que tiveram efetivamente aulas no ISCED - Benguela. A maioria dos professores faltou, a maioria dos alunos, em resposta, foi desistindo de ir. De maneira que, quando algum professor mais distraído se dirigia à sala, encontrava-a vazia. 


A própria distribuição dos horários foi feita demasiado tarde, já depois do período em que as aulas deviam estar a funcionar. 


As turmas que geraram a polémica no seio da qual o anterior decanato foi suspenso voltaram a agrupar-se em duas salas de aula no Magistério. A lotação das salas é de cerca de 27 alunos e o n.º de alunos por turma é praticamente o dobro. 


Há livros de ponto que não se encontram nos devidos locais e, no entanto, há professores que já assinaram sumários nesses livros. 


Os serviços académicos continuam a funcionar pessimamente e, no entanto, cada vez absorvem mais funcionários que não foram contratados para prestar serviço aí, deixando por exemplo os departamentos desfalcados. 


Chegam a aparecer três pautas por ano e turma, relativas a anos anteriores, verificando-se que os serviços aceitaram cópias de pautas entregues por alunos e lhes deram tratamento correctivo relativamente às pautas entregues por professores. Há pautas, também, que foram emendadas sem conhecimento dos respectivos professores e só agora se vem a descobrir. 


Pelos vistos a actual Comissão de Gestão não veio resolver nada. Apenas actua (ou deixa andar) num silêncio maior. Mas o silêncio, nestes casos, é um defeito, porque as pessoas precisam de ver os problemas assumidos e resolvidos e não é a engolir em seco ou a mastigar serradura que se resolvem problemas. 


Uma das mudanças de sala no início deste segundo semestre nem sequer foi comunicada a professores e alunos envolvidos. Apertados pelos alunos, alguns funcionários disseram-lhes que tinham passado na rádio uma notícia a avisar... duas horas antes das aulas começarem.


Além disso, há departamentos que verão diminuído o número de professores, apesar de precisarem de mais professores e a razão não foi devidamente comunicada às vítimas (alunos e docentes que deixarão de colaborar).  


Ou seja: continua o ISCED-Benguela a ser, na prática, ingovernável, incompetente e, como em toda a situação deste género, a corrupção não se irá distinguir da incompetência e da desorientação quotidiana do Instituto.

domingo, 10 de julho de 2011

imposição confunde-se com paz

Já durante as eleições de 2008 houve políticos do MPLA com este tipo de discurso: lembrem-se da guerra e de como ela acabou, a paz é um bem inalienável, é portanto preciso estarmos todos unidos em torno do governo.

Agora Bento Kangamba junta-se ao coro (mais uma vez?) para dizer o mesmo. Depois de lembrar que a paz é um bem indiscutível, afirma: 

“Há partidos que estão a distribuir papéis contra o Executivo, para causar confusão no seio da população, visando as eleições de 2012, por isso alerto aos camaradas a estarem mais vigilantes contra essas atitudes divisionistas


Distribuir panfletos criticando o governo é normal numa democracia, em qualquer parte do globo. Porém, para Kangamba, é sinónimo de querer espalhar a "confusão no seio da população" e, portanto, para preservar a paz, há que estar vigilante (como no tempo do partido único), ou seja, acabar com isso logo (isso - criticar - é "divisionismo"). Só num regime totalitário, ditatorial, a distribuição de panfletos contendo críticas a um governo pode ver-se como "divisionismo". 

Numa democracia, declarações como esta constituem verdadeiras ameaças aos opositores e incitamento dos militantes à destruição dos opositores. A intolerância revela-se nas palavras e nos atos. Os discursos de vários dirigentes do MPLA mostram bem que muita gente, no 'maioritário', continua com a mentalidade do partido único e dos sistemas totalitários. A guerra começa nessa intolerância perante críticas e adversários. A paz não se faz com ameaças. As ameaças só fizeram ditaduras em todo o mundo. E a paz é inseparável da liberdade.

terça-feira, 28 de junho de 2011

relatórios que servem?

Relatórios, em geral, não servem para nada nos níveis médios e inferiores das administrações públicas. Ninguém os lê. São mera formalidade.

No entanto não pensou mal a comissão de gestão do ISCED-Benguela em pedir relatórios aos professores sobre como correu o 1.º semestre. Se os lerem, foi muito bem pedido. Se não os lerem, pelo menos uma vez (esta), os professores fazem um relatório que os obriga a pensar no que se passou e que lhes permite dizer depois, para se defenderem, que falaram nos problemas da instituição nos seus relatórios. O simples facto de se ter de os escrever, já obriga a repensar um bocado aquilo que foi feito, ou que não foi e devia ter sido. 

O que é de estranhar é que isto constitua novidade. Afinal, é um ato normal e saudável de gestão. Só anulado porque ninguém depois dá sequência aos relatórios. 

A ausência de pedidos destes demonstra bem como a Instituição andava à deriva, como ninguém estava preocupado com ela, nem com os problemas que os professores enfrentassem. De maneira que esta comissão de gestão está de parabéns - no que a isso diz respeito.

solução namibiana

Lembrando-se de uma solução namibiana, um político da UNITA, na última campanha eleitoral, criticou que pensassem apenas em asfaltar estradas e defendia que podiam fazer estradas muito boas sem asfalto. 
Devemos ter mais ambição do que soluções de recurso e, nesse aspeto pelo menos, foi muito bom que a UNITA não ganhasse as eleições. 


Mas a solução provisória, tipo do mal o menos, está agora a ser aplicada... nas ruas de Benguela. Não remendaram buracos com asfalto mas com terra e pedras. Embora tudo vá embora com as primeiras chuvadas (e até se desgasta antes), pelo menos durante algum tempo as vias ficam um bocado melhores, evitando problemas de trânsito e até acidentes. Não sendo solução, alivia.

domingo, 19 de junho de 2011

sair da UNITA ou entrar no MPLA?

A propósito da entrada de Aniceto Hamukwaya no MPLA, comenta-se de novo o mal-estar da UNITA, a fragilidade das oposições, etc. Embora seja nítido que a UNITA não tem conseguido protagonizar uma vaga de mudança, também é verdade que as condições são bastante difíceis e, se isso não serve de desculpa, explica algumas coisas.

No caso concreto de Aniceto Hamukwaya, há vários anos que ele se manifestava desiludido com a política e dizia que só queria mesmo era dedicar-se aos negócios. A pergunta a fazer não é, portanto, porque saiu da UNITA, mas porque é que alguém desiludido com a política, apostado em se dedicar apenas aos negócios, entra no MPLA. 

E há que reconhecer o grande poder do MPLA para ajudar qualquer empresário a ter sucesso...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

a luz em benguela

... ilumina durante o dia os buracos na rua, mas falha cada vez mais, em pleno cacimbo, quando o consumo baixa. 



NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO

Texto de Pezarat Correia censurado no Diário de notícias em Portugal aparece no blogue de Angolano de Andrade

NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO

(sobre Paulo Portas e as razões porque não devia ser ministro em Portugal - inclui menção à classificação da morte em combate de Jonas Savimbi como "assassinato", feita por Paulo Portas em 2002).

segunda-feira, 13 de junho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

coligação anti-democrática


Faz hoje dois anos que eleições fraudulentas no Irão deram maioria esmagadora ao atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad. A repressão sangrenta que se seguiu às manifestações populares, que denunciavam a fraude perguntando 'onde está o meu voto?', mostrou que não há democraticidade nenhuma no atual Irão, mas uma farsa de mau gosto onde a simulação de existência de oposição serve apenas para avisar os incautos sobre os perigos de se oporem.

Conhecemos isso de há muitos anos e em muitos países - por exemplo na Angola do tempo de Salazar. Hoje mesmo foi posto a circular nas televisões o testemunho de um soldado sírio desertor que veio confirmar o que já sabíamos: que os iranianos e o 'Partido de Deus' libanês ajudam a esmagar a revolta popular pedindo liberdade e democracia. O Hezbollah paga o apoio que tem recebido da Síria. O Irão tem o prémio pelo sucesso na repressão aos seus oposicionistas. A Síria, um país onde até há pouco tempo algumas minorias não tinham sequer direito de cidadania, recolhe os frutos dos apoios que tem dado a grupos ditatoriais entre países vizinhos. Ditatoriais e xiitas. Porque o clã do presidente é xiita - num país de ampla maioria sunita. O pai do presidente e o partido no poder foram mais inteligentes: instalaram um regime laico, para que a maioria religiosa não fosse politicamente invocada. O mesmo fez o mesmo partido no Iraque, antes e durante o regime de Saddam Hussein. Tal como no Iraque (onde a maioria era xiita e a minoria sunita - embora uma minoria de cerca de 30%), em desespero de causa o regime totalitário do partido Ba'ath (o mesmo do Iraque na versão síria) joga a cartada religiosa para tentar sobreviver. 

O cinismo de alguns países na arena internacional levanta-se mais uma vez e muitos grupos de esquerda agitam a bandeira do anti-imperialismo para evitar que a ONU denuncie a sangrenta repressão levada a cabo pelos sírios. O que está em causa não é a luta contra o imperialismo, mas a luta pela liberdade em países profundamente injustos, autocráticos, repressivos e oligárquicos. 

O mesmo se passa com a Líbia. Não foram os imperialistas que inventaram a revolta na Líbia, foram os próprios líbios, que estavam fartos das farsas do coronel, sustentadas à custa de prisões, torturas, mortes e outras medidas típicas de países ditatoriais. Se o imperialismo norte-americano aproveitou a oportunidade, fez muito bem. Se todos aproveitássemos para denunciar e combater mais essas ditaduras, todos teríamos moralidade para reclamar depois a amizade dos sírios e dos líbios. 

Mas não é inocente o apoio (ou as reservas à denúncia) por parte de países como a Venezuela (onde o ditador Chávez impôs reformas rejeitadas em referendo), a Rússia (onde o ditador Putin reprime a oposição cada vez mais descaradamente), a China (que tem levado a cabo séries sangrentas de repressão política), a Bolívia (que tenta implantar no seu território uma ditadura marxista e dá abrigo às FARC como a Venezuela), e um disseminado etc. que reúne vários países com índices sofríveis de democracia, quando não claramente ditatoriais. 

No meio disto, não se compreende a posição do nosso MRE sobre a Líbia. Deu azo a um verdadeiro puxão de orelhas por parte do representante da União Europeia em Luanda. Sem necessidade nenhuma. E o que tinha antes defendido a política externa angolana? Laurent Gbagbo...


terça-feira, 7 de junho de 2011

o perfeito samakuva e o camarada numa - comparação

Democraticamente eleito, Isaías Samakuva tem-se revelado um chefe político medíocre para além de dois ou três discursos notáveis. 


Não soube prever nem evitar a tempo a fraude, não se antecipa às manobras ardilosas e hábeis do MPLA (por vezes até cai nas armadilhas de propaganda dos camaradas), não galvaniza a população, não tem evitado que a UNITA constitua uma pequena elite com defeitos cada vez mais parecidos com os do partido no poder e não chega às ruas nem aos quimbos e sanzalas. 


Por várias vezes houve vozes dos maninhos que manifestamente colocaram reservas à liderança de Samakuva. Mas eis que ele vem agora dizer, angelical, que não acredita que existam vozes discordantes no seu partido! É por aí mesmo que a ditadura começa: pela surdez e pela insensibilidade. 


Muito mais inteligente continua a mostrar-se a atuação de Kamalata Numa. Ainda este fim de semana,  no Lobito (onde vem contrariando a eventual influência de Jorge Valentim), voltou a reafirmar que a oposição deve ser feita dentro da lei constitucional e que a Constituição é suficiente para garantir a liberdade. Por onde se conclui:quando a manifestação livre e ordeira de cidadãos é reprimida não se está a respeitar a Constituição. Portanto, é preciso obrigar a PIR e certos elementos do partido no poder a respeitar a Constituição do país. 


De resto, pela sua atividade política Numa já mostrou que o seu sentido estratégico não funciona apenas para campanhas militares e a intimidação que sofreu, sob a farsa jurídica que a AN lhe moveu, é bem mostra de que o partido no poder o sente como elemento perigoso. No entanto, não é um perigo para a democracia. Pelo menos enquanto respeitar as leis e enquanto não disser que não há vozes discordantes na UNITA...

julgamento do primeiro-ministro islandês

No meio de tantas turbulências e mudanças o julgamento do primeiro-ministro da Islândia passa despercebido, mas é um facto importante para a credibilidade do sistema democrático e, mesmo, partidário. 

Geeir H. Haarde, que era o chefe do governo em 2008, quando se deu a crise bancária que obrigou os islandeses a recorrer ao FMI, não deu nenhuma importância aos repetidos avisos que lhe foram feitos. Inclusivé o próprio Banco Nacional alertara para a necessidade de se tomarem medidas e Haarde nada fez, comodamente continuou sentado na fofa cadeira do poder. 

A incompetência constante, recorrente, sistemática dos políticos partidários europeus tem vindo a prejudicar mais a Europa do que os imigrantes, os emigrantes e, mesmo, os ditadores do norte de África...

O sistema partidário gera líderes como quem gera cápsulas de garrafas e eles para pouco mais servem do que para aguentar a pressão dentro dos limites de vidro grosso. Uma impunidade permanente os rodeia. Nunca são obrigados a dar conta da má gestão que fazem dos países, das promessas que não cumprem, da contradição entre o discurso eleitoral e, desde logo, o discurso de posse. 

Na Islândia, por exemplo, foi criado com o país um tribunal para julgar governantes, o Landsdómur. Nos quase 67 anos de independência do país o tribunal nunca reuniu...

Como, no entanto, a estrutura existia, foi só ativá-la e agora vemos o fofo primeiro-ministro na barra do Tribunal - onde se vai defender tentando trocar vírgulas mal colocadas pela acusação por uma impunidade real, injustificável, ilegítima. 

Seria bom que, na construção da democracia angolana e do seu edifício jurídico, se criasse um Tribunal especificamente para julgar os governantes - quer por corrupção, quer por incompetência, má gestão, gestão perdulária, etc. E que os governantes, aqui como em todo o mundo, assumissem (mesmo juridicamente) os programas eleitorais como contratos de prestação de serviços que, uma vez não prestados, obrigam à criminalização da gestão política.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

abstenção democrática

O presidente português, Aníbal Cavaco Silva, ciente de que a abstenção tinha aumentado, disse que quem não votasse não devia criticar. Digamos, lusitanamente, que foi uma azelhice política. Os que mais autoridade têm para criticar o sistema partidocrático são precisamente os que não votam para não legitimarem o sistema que denunciam. 


É uma tendência das democracias europeias, a de uma cada vez maior abstenção. Mesmo nos países em que, oficialmente, pode haver candidaturas independentes, o que se passa é que o eleitor não pode criar a sua escolha, tem de criar na prática um partido político para depois o dominar, em bando e com dinheiro de empresários ou de potências estrangeiras. Ao fim do longo (e pouco límpido) percurso poderá apresentar-se às urnas. Que independência, que margem de manobra e que autenticidade lhe sobra?


O que os eleitores têm à sua frente, num boletim de voto universal, é a escolha entre meia dúzia de possibilidades combinadas por meia dúzia (se tanto) de partidos. O que permite formar-se a oligarquia que domina a Europa democrática, uma junção radio-ativa e cancerígena de empresários, politiqueiros, intriguistas e mafiosos. 


Depois as populações boicotam os votos. Num dos casos ocorridos nestas eleições portuguesas, para que os políticos, democraticamente eleitos, consigam arranjar uma estrada que está há 10 anos à espera de ser arranjada...


A lição a extrair desta situação corrosiva e explosiva é bem diferente da que tirou o presidente da república portuguesa. Ela deve servir todas as jovens democracias, todos os povos que lutam por democracia, liberdade, participação livre na vida política. A lição a extrair é a de que a democracia deve ser para todos e, portanto, deve abrir-se a candidaturas fora dos partidos políticos admitidos. Deve simplificar-se ao máximo o processo de apresentação de candidaturas e deve, quanto possível, estimular-se a sociedade civil e os diversos órgãos sociais (sindicatos livres, associações de empresários, comités de bairros, etc.) a apresentarem candidaturas próprias a todos os cargos elegíveis. 


O voto obrigatório, pelo contrário, deve ser recusado. É uma contradição nos termos e é uma imposição que disfarça mas não resolve a quebra de legitimidade da democracia partidária. 


Pode ser que, para nós, aqui em Angola, essa lição ainda venha a servir um dia. 

sexta-feira, 3 de junho de 2011

reitoria da UKB de parabéns

Finalmente, a reitoria da UKB percebeu que a direção do ISCED-Benguela, não só era corrupta, mas também desobedecia às orientações do Reitor e manifestava uma total irresponsabilidade e incompetência. 

A demissão da direção do ISCED-Benguela só peca por tardia. E vem dar razão ao Semanário angolense: afinal, Paulo de Carvalho estava certo. Porque, note-se, dois dos membros dessa direção, particularmente o ex-decano José Augusto, foram dos mais aguerridos críticos e manifestantes contra o antigo reitor. Agora sabemos porquê.

direção do ISCED-Benguela demitida

Mais uma direção do ISCED demitida por corrupção. Mais uma vez, também, a direção demitida era constituída maioritariamente por professores do departamento de Ciências de Educação ligados ao antigo decano Kalelessa. Decano que arruinou as finanças do ISCED e do ex-CUB sem que nenhum benefício académico ou científico se verificasse, pelo que não se entende que o mesmo seja hoje secretário-geral da reitoria da UKB - justamente, aquele por quem passam todos os assuntos financeiros. 

Se o objetivo é acabar com a má gestão e a corrupção não se percebe estas nomeações. 

terça-feira, 31 de maio de 2011

mais ou menos

O poder político angolano continua vacilante entre sinais positivos e negativos no que diz respeito à liberdade e à cidadania. 


Parece louvável a posição dos deputados do 'maioritário' no sentido de esperar pelo novo Código Penal para depois aprovar, ou discutir, as propostas legislativas do governo relativamente à Internet. 


Já não se compreende o que se passou na Huíla. Pacíficos veteranos de guerra, que auferem um ridículo subsídio de 10 mil Kwanzas e mesmo assim o recebem com grandes atrasos, viram a sua marcha reprimida pela polícia de intervenção rápida com tiros. A alegação repete-se: não tinham autorização. A PIR desconhece que, à luz da nova constituição, basta informar as autoridades sobre a realização de manifestações, não é necessária nenhuma autorização. 


O partido maioritário age como um semáforo avariado: pisca o vermelho e o verde simultaneamente e às vezes me parece que o vermelho pisca a dobrar. 

domingo, 29 de maio de 2011

política e tempos verbais

Há uns tempos um deputado ou senador brasileiro queria que se abolisse o gerúndio na política brasileira, nos relatórios oficiais , etc. O gerúndio indica um presente contínuo  e o político, naturalmente, queixava-se da continuidade desse presente: estamos fazendo, estamos construindo. Nunca se deixava de estar fazendo, nunca se chegava ao pretérito: fizemos, construímos. 
O Jornal de Angola e outros órgãos da imprensa estatal, como a TPA, resolveram o problema juntamente com muitos dos nossos políticos. Estamos mais avançados quanto a isso. Veja-se por exemplo este título do Jornal de Angola de hoje: "Executivo substitui pontes destruídas". Depois leia-se o início da notícia: 

Nos próximos seis meses, o Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA) vai instalar, na província do Kuando-Kubango, três pontes metálicas, de cerca de 200 metros de comprimento cada, sobre os rios Cuito e Kubango, em substituição das anteriores de betão destruídas durante a guerra que assolou o país.

Deixei a ligação para que o leitor, clicando, vá lá confirmar. Indo, repare como o título nos leva a pensar que o ato está a realizar-se ou mesmo se acaba de realizar. O conteúdo da notícia esclarece que isso ainda vai realizar-se.
O presente, nos noticiários oficiais angolanos, é cada vez mais sinónimo de futuro. Os nossos noticiários e os discursos de alguns políticos são dos mais avançados do mundo, porque nos dão notícias do que passou, do que se está a passar e, principalmente, do que vai acontecer. São notícias do futuro e o futuro é sempre radiante.  

O domínio da prática deixa os nossos jornalistas tão seguros que já o estendem à secção internacional. Por exemplo anuncia-se em título, na mesma edição de hoje do JA, que uma força da União Africana vai a caminho da Líbia. O título tem pressa, porque depois, lendo a notícia, percebemos que a UA propôs que se constitua uma força de paz mais alargada e isenta, com  ONU, a Liga Árabe, etc., para depois se enviar para a Líbia. Mas, como dominamos o futuro, anunciamos desde já que essa força vai ser da UA e vemo-la já a caminho. 

Simples questão de estilo? Claro que não. Manipulação do estilo e da notícia que nos confirmam não estarmos perante órgãos de informação isentos. 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

ukb - isced

Cumprindo-se o mínimo que havia a fazer - expulsar os alunos que entraram fraudulentamente e compensar os que não entraram por esse motivo - provavelmente ficará tudo na mesma no ISCED-Benguela e nenhum aluno se queixará à PGR.

Logo que possível, voltamos ao mesmo.

domingo, 15 de maio de 2011

mortes na estrada

É no mínimo curioso verificar que as causas das mortes nas estradas, em Benguela e em Angola, são sempre desrespeito às regras de trânsito, excesso de velocidade e alcoolismo. 


Nunca se diz que o mau estado das estradas, a deficiente sinalização e a deficiente iluminação em zonas urbanas e suburbanas também causa muitas mortes e muitos acidentes.


A culpa é sempre do condutor. A estrada é um exemplo de perfeição. 

sábado, 14 de maio de 2011

nova moda no ISCED Benguela: rasgar folhas de sumário

Na verdade não é muito novo mas agora, com o controlo apertado sobre as faltas feito por um funcionário, as folhas de sumário começam a desaparecer quando alguns professores faltam. 

Mas ninguém parece preocupado com isso. 

salários em atraso no ISCED Benguela

Continuam por pagar os salários do pós-laboral. E ninguém parece incomodar-se com isso. O próprio decano diz, descaradamente, que já foram pagos. 

Os funcionários viram os seus salários reduzidos - em alguns casos em 40%. Mas também ninguém parece muito preocupado com isso.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cuba: democracia no turismo cacetada na oposição

O regime cubano continua a manipular muito bem a propaganda. Afirma que vai deixar as pessoas viajarem à vontade para viagens de turismo. Parabéns. Isso é comum no resto do mundo, deviam envergonhar-se de só fazerem isso agora. 


Entretanto mataram mais um dissidente cubano. Poucos dias depois de ser espancado pela polícia, quando tentava resistir à voz de prisão num pequeno proteso, os maus tratos que sofreu levaram-no a uma à morte. Oficialmente, no entanto, foi uma pancreatite... (e a TV Zimbo bem pode acrescentar à sua notícia que essa é a versão de um médico mas oficial, do regime). Ainda que seja verdade, a pancreatite (que não deixa de ser doença) pode provocar-se com pancadas no abdómen. Sublinhe-se que o dissidente sofria de diabetes e de hipertensão.


É por isso que o regime cubano fala tanto agora na abertura ao turismo, para silenciar as vozes que se levantam pedindo que seja investigada a morte do dissidente cubano. 


No fundo, não é para mudar. O que se muda é mesmo porque não se consegue fazer de outra maneira, o falhanço do partido único foi tal que tem de se entregar às reformas 'capitalistas'. E era esse modelo que Angola queria seguir há uns vinte anos... Pelo menos aqui reconheceram mais cedo que falhou.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

as revoluções difusas

Jean-Marie Le Pen disse uma vez (ou mais de uma vez) que "a política é a definição do inimigo". É a definição típica do guerreiro, mas também do ditador - porque resume a política à perseguição do rival e o rival ao 'inimigo'. 


O problema de grande parte das revoltas árabes, que baralha completamente o esquema repressor das ditaduras, é a dificuldade em definir o inimigo. A internet, as novas formas de comunicação e socialização a partir dos avanços da informática e das novas tecnologias, tornam-se assim o tormento do poder em muitos países. Não tanto por darem voz a muitos mas por uma consequência disso: a dispersão das vozes, a sua imprevisibilidade e a sua variedade. 


O problema do ditador é o medo. É pelo medo que ele constrói a ditadura, porque é o que ele melhor conhece. Mas o domínio, por mais absoluto, não domina o medo. Na verdade, poucas vezes se sabe ou prevê como um regime vai acabar - mas sabe-se que termina. 


A sociedade aberta reflete a aceitação disso, de que a mudança é imprevisível e certeira, portanto, devemos estar preparados para recebê-la e lidar com ela. A sociedade fechada tenta descobrir os nichos da mudança 'perigosa', inimiga. Só destruindo-os todos o medo passaria. Mas nunca se destroem todos e os ditadores, no fundo, sabem disso - até porque sabem o quanto o 'acaso', ou o não planeado, os ajudaram a subir ao poder em certa altura. 


O medo que sentem será uma das causas da sua queda. Não sabendo como lidar com a abertura, a dispersão e o anonimato trazidos pelas novas redes sociais e pelas novas formas de comunicação, os regimes ditatoriais desesperam e disparam para todos os lados sem atingir o 'inimigo'.


O verdadeiro inimigo, porém, é o medo. 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

alunos ilegais na UKB

Dizem que o Reitor da UKB decidiu que todos os alunos que entraram no ISCED sem condições para isso fossem retirados da instituição e que fossem reintegrados aqueles que, tendo nota para entrar, ficaram de fora.

Se realmente se cumprir será sem dúvida um grande passo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

isced benguela departamento de assuntos académicos

Desde que entrou a nova chefia do ISCED-Benguela que o DAC (Departamento de Assuntos Académicos) não faz nada - bom, nada do que lhe compete.

Em Fevereiro obrigaram os professores a passarem as notas das pautas para os livros; agora requisitaram todas as secretárias de todos os departamentos sob argumento de que o DAC tem muito serviço. Os departamentos ficaram sem secretárias, com os chefes de departamento a fazerem o papel delas, e o DAC, mesmo assim, manda os alunos irem aos departamentos resolver problemas que devem ser resolvidos no DAC.

A atual direção do ISCED, sem dúvida, está completamente desorientada. Próprio de quem não estava preparado para assumir responsabilidades destas e, tendo assumido, pensou logo em tramar colegas, travar a progressão científica dos colegas, fazer entrar alunos e fazê-los passar de ano sem condições para isso (a troco, naturalmente, de alguma coisa), criar benesses próprias, cortar qualquer intercâmbio com o exterior sob alegação de que não há dinheiro, ou de que os professores não devem sair em tempo de aulas... um longo etc.

A instabilidade no ISCED continua, portanto. Essa instituição é o grande problema da Universidade Katyavala Bwila. E, curiosamente, todas as últimas direções do ISCED-Benguela têm algo em comum: elementos que fizeram parte das chefias desde que o Dr. Kalelessa tomou conta da instituição. Pelos vistos, os reitores que vieram de Luanda ainda não perceberam a importância deste traço comum. Seria conveniente reunirem-se com antigos dirigentes do ISCED-Benguela, anteriores aos mandatos do Dr. Kalelessa, para se aconselharem com eles sobre o caminho a seguir.

terça-feira, 3 de maio de 2011

vargas llosa no congo

O grande escritor cubano foi ao Congo por 15 dias e trouxe uma reportagem sensível: nunca viu tanta pobreza! É comum que, na América Latina e na Europa, a pobreza de certos países não seja realmente conhecida, não passando de um lugar-comum que se repete automaticamente. Quando se deparam com a realidade, sendo minimamente honestos, reagem assim.

Até aí tudo bem. O pior é a explicação: "la gestión colonial deshizo el país, destruyó su estructura. Y ahora Congo yace sin un Estado, dividido en pequeñas regiones controladas por caudillos, facciones y bandas. Hay 10 o 20 guerras a la vez". 


Passando por cima dos conflitos pós-independência, da gestão de Mobutu (que, no seu declínio sobretudo, conduziu o país ao caos em que se encontra) e sobre o próprio facto de se tratar do mais artificial dos países africanos, com uma extensão difícil de gerir e uma base populacional sem nada em comum, o escritor peruano encontra a razão que o mesmo 'blá-blá' na Europa e América Latina arranja para todos os males de África: o colonialismo. 


Ora o colonialismo europeu, como todo o colonialismo, fez muito mal a África, sem dúvida. Um mal, de resto, foi mesmo ter-se criado esse país em torno de uma colónia desenhada sobre a ignorância e o espírito de rapina. Dizer, porém, o que diz Llosa é, no mínimo, um anacronismo: pura e simplesmente o país não existia antes do colonialismo, portanto o regime colonial não podia ter desfeito o que não existia. O drama do Congo merecia melhor atenção e menos precipitação, que fica mal a um homem daquela estatura. 

liberdade de imprensa...

A liberdade de imprensa é um dos pilares de uma sociedade aberta e democrática. 


Os atentados evidentes à liberdade de imprensa são conhecidos mundialmente. Mas às vezes a liberdade de imprensa é ameaçada, ou não se concretiza, quando na aparência até existe. 


Por exemplo quando escrevemos algum texto e somos depois pressionados no trabalho, com ameaças mais e menos veladas, que nos vão avisando sobre os perigos de continuar assim, perder emprego, ou mostrando os 'erros' que estamos a cometer e que devíamos emendar, porque é preciso liberdade com responsabilidade, etc.


Por outro exemplo quando nos dizem que podíamos até ver certos problemas resolvidos mas, para sermos ajudados, também temos que ajudar, parece até que mostramos má vontade, porque realmente mostramos qualidades e, portanto, podíamos até evoluir, mas é preciso mostrar vontade de colaborar também, né, tás a perceber né?


Por outro exemplo ainda quando chamam amigos ou conhecidos comuns e, sob vários pretextos, os convencem a manter-se afastados de nós, como se sofrêssemos de doenças contagiosas... 




Entre nós, dadas as dificuldades económicas para implantar uma imprensa realmente livre, independente, isenta, é o acesso à Internet que nos permite transpor a fronteira da liberdade. 


A democraticidade trazida pela Internet, porém, só se manterá se tivermos coragem para enfrentar essas pressões locais. Muitas vezes não se trata mesmo de nada que venha do governo central, mas vem de um grupo que tem ligações ao poder e que, em nome dele (por haver o passado que houve), amedronta as pessoas para esconder a sua própria incompetência e corrupção. 


Nos meios pequenos, assim que se identifica o autor de uma página, de um 'blogue', de um 'sítio' (e porquê a preocupação em identificá-lo, em lhe fazer a ficha?), ele começa a sofrer pressões. É o problema, principalmente, das províncias, onde muitas vezes pequenas máfias político-económicas locais conseguem implantar, em nome do governo ou da polícia, um regime de terror sob a aparência da democracia. 


Esse é, entre nós em Angola, neste momento, o maior perigo para a liberdade de imprensa - ou pelo menos para que haja exercício de liberdade em todo o território nacional. Embora não tenham desaparecido, completamente, os outros perigos - mas foram reduzidos a um nível bastante baixo, é verdade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

museveni o revoltoso opressor

a vida política no Uganda complica-se de dia para dia com a prisão de vários opositores.

Museveni, Yoweri Kaguta Museveni, nascido no Uganda ocidental em 1944, envolveu-se na guerra que depôs o ditador louco, Idi Amin Dada; mais tarde (1985) envolveu-se na rebelião que derrubou Milton Obote (que, no seu segundo momento à frente dos destinos do país [Obote II], conseguiu cifrar em 300 mil os civis cuja morte lhe pode ser imputada).

O seu combate ao HIV-SIDA, a relativa estabilidade conseguida (desde que tomou posse, em Janeiro de 1986, como presidente do Uganda), o razoável crescimento económico da maior parte do país (exceto o norte) e o currículo de revoltoso anti-ditatorial criaram esperanças maiores num político africano responsável, eficaz e liberal (no sentido de não ofender as liberdades humanas).

Anos passados, revela que, afinal, quando os assuntos do Estado, ou da Nação, começam a correr menos mal, o recurso à força continua a ser a resposta. Prende oposicionistas, teme manifestações e, no entanto, critica o líder líbio.

Mas ele envolveu-se na segunda guerra do Congo, invadindo a RDC, envolveu-se negativamente na política dos Grandes Lagos e aboliu o limite de mandatos para presidente quando das eleições de 2006. Portanto, já nos tinha dado sinais de que, afinal, como Gbagbo, era mais um revoltoso opressor do que um exemplo para as novas lideranças africanas.

aulas e fossas

As aulas no Iraque (ISCED-Benguela, salas anexas) continuam a dar-se junto a fossas a céu aberto, que exportam 'água' para o acesso às salas e ficam mesmo junto às janelas.

Sendo mal antigo e por todos conhecido, qual a justificação para se manter?

bin laden morreu

Pena que a morte venha a ser o alívio. Mas é justo quando quem morre manda matar civis e inocentes em plena consciência do que faz.

domingo, 1 de maio de 2011

o ditador e o filho

Depois de mandar matar um número incontável de pessoas sem a menor preocupação, o ditador apela à piedade cristão porque o seu filho mais novo, estudante na Alemanha, morreu escondido num abrigo militar.

Se o pai já tivesse morrido o filho estaria vivo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

syanga abílio

Syanga Abílio quer casas inteligentes e ecológicas. É realmente tempo de se pensar nisso. E, já agora, de aproveitar as lições da arquitetura tradicional.

governo angolano preocupa comissão africana dos direitos humanos

Segundo o Novo jornal desta semana, a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos diz que “em Angola a ameaça ao direito à liberdade de expressão tem aumentado como resultado de uma proposta de lei de
interceptação de comunicação”.

O congresso do MPLA devia pensar nisso. Mas aí vestem-se cada vez mais da mesma maneira conforme dizem que avançam cada vez mais na democracia.

finalmente!

A inteligência, tarde ou cedo, manifesta-se.

Rui Falcão Pinto de Andrade, interpelado por um repórter acutilante acerca das desigualdades sociais e da corrupção e dos anos de poder do MPLA, não tendo mais como desculpar a responsabilidade do MPLA nesses fenómenos sociais, achou resposta deslumbrante: "está a ver, está a ver como o MPLA precisa de voltar aos seus valores ideológicos?".

Tarde ou cedo a inteligência manifesta-se.

divulgação científica no isced-benguela

Um ponto positivo: a divulgação de eventos científicos nas televisões dos corredores do ISCED-Benguela.

Resta saber: vão começar, finalmente, a autorizar os colegas a saírem para irem a encontros científicos? Vão dar-lhes apoio nas viagens?

Seria bom. Sem participação em eventos científicos nenhuma instituição tem direito ao nome de 'ensino superior'.

domingo, 24 de abril de 2011

isced benguela à deriva

A sensação de o ISCED-Benguela estar à deriva acentua-se de dia para dia. Por ocasião dos exames especiais a confusão ultrapassou todos os limites: só no dia de início previsto saiu o calendário das provas (dia que já tinha sido adiado uma vez sem explicações); no dia seguinte chegou novo calendário, durante a manhã, provocando a maior confusão, com alunos e docentes desorientados à procura de saber qual o calendário 'verdadeiro'. Os exames, entretanto, foram marcados todos para a mesma sala, prejudicando apenas um dos cursos dados pela instituição. Os alunos não cabiam todos na mesma sala, até porque muitos alunos fizeram exames especiais sem que o pudessem fazer de acordo com a lei. Alguns professores tiveram que despender tempo do exame à procura de outra sala, carregando para lá os seus alunos por conta própria.

Há duas turmas, na licenciatura de Linguística-português, com alunos em número superior ao previsto e incomportável para as salas existentes. Porque é que não se divide essas turmas por duas salas? Porque é que ninguém manda saber a razão de entrarem muito mais alunos do que o previsto? Os esbirros do hábito diziam zelosamente que a turma de 115 alunos de pedagogia já foi dividida por três salas. Pergunta-se: porquê só a turma de pedagogia e não dos outros cursos com alunos a mais? porquê só agora descobriram que havia mais salas disponíveis? Como é possível terem deixado entrar tantos alunos para uma sala tão pequena?

terça-feira, 12 de abril de 2011

pergunta berbere

Mas o que vieram fazer aqueles senhores à Líbia? Porque é que não nos perguntaram nada antes?

gbagbo preso

Finalmente. Usou truques que já conhecemos bem, mas desta vez ninguém fechou os olhos. A população espera, ansiosa, um país pacífico, livre e forte economicamente. Vamos ver. Mas, pelo menos, desta vez o ditador não ficou no poder como no Zimbabwe ou no Kénia. Parece que a comunidade internacional aprendeu... bom, quase toda.

pedagogia exemplar

O ISCED de Benguela continua a ser um exemplo de pedagogia exemplar: 115 alunos numa sala onde não cabem nem metade. Parte dos alunos assiste às aulas do lado de fora e alguns (os que podem) tomam notas no parapeito das janelas.

O mais interessante é que a turma é do curso de Pedagogia...

ene despede-se em glória

A Ene de Benguela prepara a entrada do cacimbo em glória: cada vez menos horas de luz por dia. Certos dias nem consegue dar luz por um período inteiro de 4 ou 6 horas.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

divulgação científica no ISCED Benguela

O ISCED Benguela instalou televisores nos pequenos espaços públicos, de passagem e de convívio, que possui. Os televisores são usados para fins úteis (anunciar datas de matrículas por exemplo), para propaganda de algumas pessoas (a parte negativa, desnecessária) e, recentemente, para divulgar pequenas notícias de descobertas científicas, de dados importantes para os estudiosos ou de utilidade pública (por exemplo os endereços das farmácias da cidade).

Tirando a propaganda, o mecanismo está a ser bem usado. Faltaria agora usar esse circuito interno de televisão para divulgar também Arte e o modelo estaria pronto para se propor à comunidade envolvente, por exemplo aos Bancos, que podem usar os seus 'écrans' para divulgar arte e ciência também, incluindo pequenos conselhos práticos para uma vida mais saudável.

domingo, 27 de março de 2011

ricos empresários

Riquinho pede ao MPLA para lhe resolver as dívidas no BPC. Com empresários destes bem nos podemos queixar dos estrangeiros...

exames e pagamentos

Dizem que o ISCED de Benguela ainda não pagou nada aos professores pelos exames, correcção de exames, etc. Onde anda esse dinheiro?

sábado, 26 de março de 2011

UNITA em Benguela

Manifestação da UNITA em Benguela sem incidentes, apesar da reunião do MPLA no Cine Monumental, mesmo ao lado. Isto, sim, é normal em democracia.

segunda-feira, 14 de março de 2011

marchas

Jesus Cristo morreu sozinho, depois de até a pedra da sua igreja o ter negado. E mudou o mundo. Salvaguardadas as devidas diferenças, a não-manifestação de 7 de março e a reacção assustada do partido-Estado provocaram uma coisa muito boa: que pela primeira vez dois partidos políticos nacionalistas se manifestassem livre e publicamente com passeatas para comemorarem as datas fundadoras ou legitimadoras.
É um começo de democracia em Angola. Pela parte da UNITA, mais uma vez a figura de Camalata Numa esteve bem. Mas não só. Certos discursos objetivos, certas frases sucintas e certeiras serviram muito melhor que os discursos enrolados e divisionistas que Samakuva às vezes faz.
A oposição precisa de continuar aproveitando bem as datas e as ocasiões para tornar mais efectiva esta democracia. E o governo ganhou em respeitá-la.

domingo, 6 de março de 2011

dois paradoxos

1 - para haver democracia ninguém se pode manifestar contra o governo

2 - para haver paz temos todos que elogiar o governo

desacatos na lunda-norte

por terem defendido que a fraca adesão à manifestação pró-MPLA se devia a que as pessoas não se reviam já no governo, alguns jovens foram desacatados pela polícia e presos.

inteligente a ação do governador Ernesto Muangala: mandou soltar imediatamente os jovens para não criar sentimentos de revolta.

arguto mas prolixo

o comunicado do bloco democrático sobre o 7 de março

paz ou medo?

a maioria dos partidos e muitas organizações aparentemente apartidárias entraram em consonância com o papão. A margem de manobra é muito apertada. É mesmo difícil o camelo passar pelo buraco da agulha.

conta benta

2 milhões de manifestantes no sábado em luanda? não. seguramente que não.

não tendo conseguido o objetivo alguém fica mal visto. mas faz contas bentas e diz que houve 3 milhões de manifestantes em luanda no sábado. como se conta assim? só deus sabe, razão pela qual as contas serão... bentas.

apesar da lavagem ao cérebro em toda a imprensa, perfeitamente desajustada para a situação, das pressões que o presidente da UNITA garante terem sido feitas e que é habitual fazerem-se, o partido-estado não conseguiu galvanizar as populações.

era esse o risco de as convocar: o feitiço pode virar-se contra o feiticeiro.

cabe à oposição explorar isso para intensificar a luta política.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

atentar e manifestar

Manifestar-se contra o Governo ou as instituições é atentar contra o país?

Manifestar-se é contra ou a favor. Atentar é sempre contra. Manifestar-se é dar a conhecer uma vontade, um sentimento, um acordo ou desacordo. Atentar é tentar destruir.

Nada de confusões.

por acaso?

Incêndio na TV Marçal em Luanda. Nesta altura veio mesmo a calhar.

prudente

A reação de Alcides Sakala à acusação de que a UNITA estava a organizar a manifestação de dia 7.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

trabalho docente

O ISCED-Benguela deu mais uma prova de superioridade académica: nesta altura, em que os docentes deviam estar a avançar nas investigações e na atualização de conhecimentos para preparação do ano letivo que se aproxima, foram 'requisitados' para lançar as notas nos livros de termos porque os serviços que deviam fazê-lo... andam muito ocupados. É, sem dúvida, um estímulo para os docentes, que certamente vão pôr os funcionários a dar aulas por estarem ocupados (os professores) a preencher livros de termos.

regionalismos

O PRS, na Assembleia Nacional, falou da repressão na Lunda. Mas, estranhamente, em vez de o fazer em nome da liberdade afirmou que isso (suponho que a repressão em geral) vai contra a cultura banto. Infelizmente, nessa como noutras culturas, há demasiados exemplos de autoritarismo e repressão para podermos falar assim.

A UNITA, na Assembleia Nacional, falou da repressão nos seus bastiões. Mas, em vez de o fazer em nome da liberdade, sublinhou que o caso era com um português e que a polícia foi lá quando ele chamou e que ele não pagava salários. O problema, pelos vistos, não é não pagar salários, nem haver repressão, mas haver um português.

Cada um falou da sua região, não do país.

Se querem imitar as revoltas árabes há dois procedimentos básicos: primeiro, promover o sentimento do país, da unidade nacional (até na Líbia, onde as divisões tribais são muito importantes, todos sublinham que o país é só um e a liberdade é para todo o país); segundo, promover as reivindicações de liberdade, justiça e bem-estar, independentemente de quem reprime, ou de quem é reprimido, ou de quem manda reprimir.

tribalismos 1

Parte dos chefes de serviços na Faculdade de Ciências Sociais foram demitidos. Os alunos, que se queixavam dos maus serviços, agora dizem que houve tribalismo porque os demitidos eram todos bakongo.
Então, quando os nomearam todos não houve?
Então, não funcionavam bem e, afinal, quando os demitam não querem que os demitam?
Então, não estão vocês, alunos, a fazer uma leitura tribalista?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

vitória sem morte

Estamos na final! Está quase!

Angola terá plano de segurança rodoviária

Já não era sem tempo. Será que vão arranjar e alargar as estradas?

finalmente começam a perceber

A convocatória (para a manifestação de dia 7) é um logro.

reformas democráticas

O MPLA tem conduzido as reformas democráticas (o que é natural, pois está no poder). Alguns angolanos andavam desconfiados disso, apesar das evidências.

estrangeiro

José Eduardo dos Santos, afinal, também é estrangeiro. Entrou ilegalmente pela província do Uíge.

khadafi suave: 400 mortos

Disse o guia imortal da revolução socialista islâmica da Líbia: "Ainda não usámos a força, mas iremos fazê-lo se for preciso." 


Se já morreram cerca de 400 manifestantes sem uso de força, quando usarem a força quantos vão morrer? Ou morre o ditador?

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

listas 1

As listas de pagamentos para colaboradores do ISCED-Benguela relativas ao ano transacto estavam 'gatadas': tinham vários nomes de colaboradores que nunca deram nenhuma aula. A Reitoria e o Decanato mandaram rever tudo. Embora os pagamentos se tenham atrasado por isso, não havia nada mais a fazer. É um ponto a favor da nova direção, sem dúvida. 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

descubra quem é o pai

"O teste de paternidade, o conhecido exame de DNA já pode ser feito em Angola, na Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, em Luanda." - lembrava O apostolado. A notícia, que também passou nas televisões, parece não ter sido notada. É pena. Porque são notícias destas que vale a pena ouvir. Isso, sim, é um país a avançar. 

dom gabriel mbilingi

"O homem é protagonista, o centro e o fim de toda a vida económico-social, como ensina a Igreja" disse há dois dias o presidente da CEAST. Nem devia ser preciso lembrar mas, nos tempos que correm...

casa de angola

Continuam as ilegalidades na Casa de Angola em Lisboa. Será que o edifício tem um poço de petróleo por baixo?

jazz em benguela

Dizem que Chico Rasgado organizou uma banda de jazz em Benguela e vai promover um Festival em princípios de Abril, na Baía Azul. Blue bay, blue-jazz. Boa sorte!

à chapada

Segundo o 'Club-K' a administradora de Malanje esbofeteou uma responsável pelo protocolo do governo da província. É de nível. É realmente necessário repor os valores morais.

acampamento da juventude

Vê-se o noticiário da TPA e ficamos sem saber: qual juventude? é um acampamento da JMPLA ou da juventude angolana?

isced benguela com falta de salas

A nova direcção do ISCED-Benguela queixa-se, com motivos, de falta de salas. Entretanto, segundo se diz, o novo decano exigiu de imediato, à responsável pela finanças da Instituição, que fosse buscar dinheiro para pagar um jipe Fortune. Colocou um piso novo, brilhante e escorregadio nas escadas de acesso do edifício principal. Em suma: gastou dinheiro que servia para salas de aula.

andar para trás é caminho?

A UNITA lançou um comunicado veemente a propósito das perseguições dos seus militantes. Apresentou provas e testemunhos. Acredito que, por aí, captou a simpatia da população.

Lamentável é a total falta de senso de Estado, de clareza de conceitos e de isenção no retrato do próprio país. Para além de querer capitalizar sobre um descontentamento que se está a gerar sem ela, fora dela e que nem sequer deu sinais públicos ainda.

Confundindo tudo, o comunicado da UNITA mistura liberalismo, pobreza, burguesia, MPLA, estrangeiros e... falar bem português. Se a UNITA, uma vez no poder, expulsasse os estrangeiros todos, marginalizasse os que falam bem português, acabasse com a burguesia e suprimisse o liberalismo ficávamos mais atrasados que a Coreia do Norte. Querem repetir os erros do partido único? É por isso que o povo não vê a UNITA como alternativa, embora a veja como um partido de oposição. Ela não fala do futuro. Não oferece um futuro aos angolanos. Oferece-lhes o passado novamente, com os mesmos defeitos de antes.

Angola precisa de uma oposição moderna, séria, com soluções concretas e credíveis. Além disso, precisa de quadros, uma equipa nacional não de futebol mas de quadros. Não é com preconceitos e ressentimentos que um partido vai galvanizar os quadros do país para melhorar a situação social e económica.

rima ingénua: quem se manifestar vai apanhar

O secretário-geral do MPLA, afinal, é poeta. Pelo menos sabe fazer rimas. De mau gosto, é certo, mas rima. E, no contexto das afirmações, até mete medo, porque vem a ameaça (lembram-se da guerra? Então? Melhor é ficarem quietos).

Um cargo como o de secretário-geral do Partido-Estado precisava de uma figura de nível, que mostrasse respeito pela dignidade e liberdade das pessoas e pela Constituição. Afirmações dessas apenas dão razão às oposições, para além de revelarem uma total falta de nível.

ensino superior em benguela - 1

O novo decano do ISCED-Benguela já mostrou todo o seu valor: "agora é a minha vez, quem não quiser que se demita". Estamos juntos?