terça-feira, 7 de junho de 2011

o perfeito samakuva e o camarada numa - comparação

Democraticamente eleito, Isaías Samakuva tem-se revelado um chefe político medíocre para além de dois ou três discursos notáveis. 


Não soube prever nem evitar a tempo a fraude, não se antecipa às manobras ardilosas e hábeis do MPLA (por vezes até cai nas armadilhas de propaganda dos camaradas), não galvaniza a população, não tem evitado que a UNITA constitua uma pequena elite com defeitos cada vez mais parecidos com os do partido no poder e não chega às ruas nem aos quimbos e sanzalas. 


Por várias vezes houve vozes dos maninhos que manifestamente colocaram reservas à liderança de Samakuva. Mas eis que ele vem agora dizer, angelical, que não acredita que existam vozes discordantes no seu partido! É por aí mesmo que a ditadura começa: pela surdez e pela insensibilidade. 


Muito mais inteligente continua a mostrar-se a atuação de Kamalata Numa. Ainda este fim de semana,  no Lobito (onde vem contrariando a eventual influência de Jorge Valentim), voltou a reafirmar que a oposição deve ser feita dentro da lei constitucional e que a Constituição é suficiente para garantir a liberdade. Por onde se conclui:quando a manifestação livre e ordeira de cidadãos é reprimida não se está a respeitar a Constituição. Portanto, é preciso obrigar a PIR e certos elementos do partido no poder a respeitar a Constituição do país. 


De resto, pela sua atividade política Numa já mostrou que o seu sentido estratégico não funciona apenas para campanhas militares e a intimidação que sofreu, sob a farsa jurídica que a AN lhe moveu, é bem mostra de que o partido no poder o sente como elemento perigoso. No entanto, não é um perigo para a democracia. Pelo menos enquanto respeitar as leis e enquanto não disser que não há vozes discordantes na UNITA...