O poder político angolano continua vacilante entre sinais positivos e negativos no que diz respeito à liberdade e à cidadania.
Parece louvável a posição dos deputados do 'maioritário' no sentido de esperar pelo novo Código Penal para depois aprovar, ou discutir, as propostas legislativas do governo relativamente à Internet.
Já não se compreende o que se passou na Huíla. Pacíficos veteranos de guerra, que auferem um ridículo subsídio de 10 mil Kwanzas e mesmo assim o recebem com grandes atrasos, viram a sua marcha reprimida pela polícia de intervenção rápida com tiros. A alegação repete-se: não tinham autorização. A PIR desconhece que, à luz da nova constituição, basta informar as autoridades sobre a realização de manifestações, não é necessária nenhuma autorização.
O partido maioritário age como um semáforo avariado: pisca o vermelho e o verde simultaneamente e às vezes me parece que o vermelho pisca a dobrar.
terça-feira, 31 de maio de 2011
domingo, 29 de maio de 2011
política e tempos verbais
Há uns tempos um deputado ou senador brasileiro queria que se abolisse o gerúndio na política brasileira, nos relatórios oficiais , etc. O gerúndio indica um presente contínuo e o político, naturalmente, queixava-se da continuidade desse presente: estamos fazendo, estamos construindo. Nunca se deixava de estar fazendo, nunca se chegava ao pretérito: fizemos, construímos.
O Jornal de Angola e outros órgãos da imprensa estatal, como a TPA, resolveram o problema juntamente com muitos dos nossos políticos. Estamos mais avançados quanto a isso. Veja-se por exemplo este título do Jornal de Angola de hoje: "Executivo substitui pontes destruídas". Depois leia-se o início da notícia:
Nos próximos seis meses, o Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA) vai instalar, na província do Kuando-Kubango, três pontes metálicas, de cerca de 200 metros de comprimento cada, sobre os rios Cuito e Kubango, em substituição das anteriores de betão destruídas durante a guerra que assolou o país.
Deixei a ligação para que o leitor, clicando, vá lá confirmar. Indo, repare como o título nos leva a pensar que o ato está a realizar-se ou mesmo se acaba de realizar. O conteúdo da notícia esclarece que isso ainda vai realizar-se.
O presente, nos noticiários oficiais angolanos, é cada vez mais sinónimo de futuro. Os nossos noticiários e os discursos de alguns políticos são dos mais avançados do mundo, porque nos dão notícias do que passou, do que se está a passar e, principalmente, do que vai acontecer. São notícias do futuro e o futuro é sempre radiante.
O domínio da prática deixa os nossos jornalistas tão seguros que já o estendem à secção internacional. Por exemplo anuncia-se em título, na mesma edição de hoje do JA, que uma força da União Africana vai a caminho da Líbia. O título tem pressa, porque depois, lendo a notícia, percebemos que a UA propôs que se constitua uma força de paz mais alargada e isenta, com ONU, a Liga Árabe, etc., para depois se enviar para a Líbia. Mas, como dominamos o futuro, anunciamos desde já que essa força vai ser da UA e vemo-la já a caminho.
Simples questão de estilo? Claro que não. Manipulação do estilo e da notícia que nos confirmam não estarmos perante órgãos de informação isentos.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
ukb - isced
Cumprindo-se o mínimo que havia a fazer - expulsar os alunos que entraram fraudulentamente e compensar os que não entraram por esse motivo - provavelmente ficará tudo na mesma no ISCED-Benguela e nenhum aluno se queixará à PGR.
Logo que possível, voltamos ao mesmo.
Logo que possível, voltamos ao mesmo.
domingo, 15 de maio de 2011
mortes na estrada
É no mínimo curioso verificar que as causas das mortes nas estradas, em Benguela e em Angola, são sempre desrespeito às regras de trânsito, excesso de velocidade e alcoolismo.
Nunca se diz que o mau estado das estradas, a deficiente sinalização e a deficiente iluminação em zonas urbanas e suburbanas também causa muitas mortes e muitos acidentes.
A culpa é sempre do condutor. A estrada é um exemplo de perfeição.
Nunca se diz que o mau estado das estradas, a deficiente sinalização e a deficiente iluminação em zonas urbanas e suburbanas também causa muitas mortes e muitos acidentes.
A culpa é sempre do condutor. A estrada é um exemplo de perfeição.
sábado, 14 de maio de 2011
nova moda no ISCED Benguela: rasgar folhas de sumário
Na verdade não é muito novo mas agora, com o controlo apertado sobre as faltas feito por um funcionário, as folhas de sumário começam a desaparecer quando alguns professores faltam.
Mas ninguém parece preocupado com isso.
Mas ninguém parece preocupado com isso.
salários em atraso no ISCED Benguela
Continuam por pagar os salários do pós-laboral. E ninguém parece incomodar-se com isso. O próprio decano diz, descaradamente, que já foram pagos.
Os funcionários viram os seus salários reduzidos - em alguns casos em 40%. Mas também ninguém parece muito preocupado com isso.
Os funcionários viram os seus salários reduzidos - em alguns casos em 40%. Mas também ninguém parece muito preocupado com isso.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Cuba: democracia no turismo cacetada na oposição
O regime cubano continua a manipular muito bem a propaganda. Afirma que vai deixar as pessoas viajarem à vontade para viagens de turismo. Parabéns. Isso é comum no resto do mundo, deviam envergonhar-se de só fazerem isso agora.
Entretanto mataram mais um dissidente cubano. Poucos dias depois de ser espancado pela polícia, quando tentava resistir à voz de prisão num pequeno proteso, os maus tratos que sofreu levaram-no a uma à morte. Oficialmente, no entanto, foi uma pancreatite... (e a TV Zimbo bem pode acrescentar à sua notícia que essa é a versão de um médico mas oficial, do regime). Ainda que seja verdade, a pancreatite (que não deixa de ser doença) pode provocar-se com pancadas no abdómen. Sublinhe-se que o dissidente sofria de diabetes e de hipertensão.
É por isso que o regime cubano fala tanto agora na abertura ao turismo, para silenciar as vozes que se levantam pedindo que seja investigada a morte do dissidente cubano.
No fundo, não é para mudar. O que se muda é mesmo porque não se consegue fazer de outra maneira, o falhanço do partido único foi tal que tem de se entregar às reformas 'capitalistas'. E era esse modelo que Angola queria seguir há uns vinte anos... Pelo menos aqui reconheceram mais cedo que falhou.
Entretanto mataram mais um dissidente cubano. Poucos dias depois de ser espancado pela polícia, quando tentava resistir à voz de prisão num pequeno proteso, os maus tratos que sofreu levaram-no a uma à morte. Oficialmente, no entanto, foi uma pancreatite... (e a TV Zimbo bem pode acrescentar à sua notícia que essa é a versão de um médico mas oficial, do regime). Ainda que seja verdade, a pancreatite (que não deixa de ser doença) pode provocar-se com pancadas no abdómen. Sublinhe-se que o dissidente sofria de diabetes e de hipertensão.
É por isso que o regime cubano fala tanto agora na abertura ao turismo, para silenciar as vozes que se levantam pedindo que seja investigada a morte do dissidente cubano.
No fundo, não é para mudar. O que se muda é mesmo porque não se consegue fazer de outra maneira, o falhanço do partido único foi tal que tem de se entregar às reformas 'capitalistas'. E era esse modelo que Angola queria seguir há uns vinte anos... Pelo menos aqui reconheceram mais cedo que falhou.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
as revoluções difusas
Jean-Marie Le Pen disse uma vez (ou mais de uma vez) que "a política é a definição do inimigo". É a definição típica do guerreiro, mas também do ditador - porque resume a política à perseguição do rival e o rival ao 'inimigo'.
O problema de grande parte das revoltas árabes, que baralha completamente o esquema repressor das ditaduras, é a dificuldade em definir o inimigo. A internet, as novas formas de comunicação e socialização a partir dos avanços da informática e das novas tecnologias, tornam-se assim o tormento do poder em muitos países. Não tanto por darem voz a muitos mas por uma consequência disso: a dispersão das vozes, a sua imprevisibilidade e a sua variedade.
O problema do ditador é o medo. É pelo medo que ele constrói a ditadura, porque é o que ele melhor conhece. Mas o domínio, por mais absoluto, não domina o medo. Na verdade, poucas vezes se sabe ou prevê como um regime vai acabar - mas sabe-se que termina.
A sociedade aberta reflete a aceitação disso, de que a mudança é imprevisível e certeira, portanto, devemos estar preparados para recebê-la e lidar com ela. A sociedade fechada tenta descobrir os nichos da mudança 'perigosa', inimiga. Só destruindo-os todos o medo passaria. Mas nunca se destroem todos e os ditadores, no fundo, sabem disso - até porque sabem o quanto o 'acaso', ou o não planeado, os ajudaram a subir ao poder em certa altura.
O medo que sentem será uma das causas da sua queda. Não sabendo como lidar com a abertura, a dispersão e o anonimato trazidos pelas novas redes sociais e pelas novas formas de comunicação, os regimes ditatoriais desesperam e disparam para todos os lados sem atingir o 'inimigo'.
O verdadeiro inimigo, porém, é o medo.
O problema de grande parte das revoltas árabes, que baralha completamente o esquema repressor das ditaduras, é a dificuldade em definir o inimigo. A internet, as novas formas de comunicação e socialização a partir dos avanços da informática e das novas tecnologias, tornam-se assim o tormento do poder em muitos países. Não tanto por darem voz a muitos mas por uma consequência disso: a dispersão das vozes, a sua imprevisibilidade e a sua variedade.
O problema do ditador é o medo. É pelo medo que ele constrói a ditadura, porque é o que ele melhor conhece. Mas o domínio, por mais absoluto, não domina o medo. Na verdade, poucas vezes se sabe ou prevê como um regime vai acabar - mas sabe-se que termina.
A sociedade aberta reflete a aceitação disso, de que a mudança é imprevisível e certeira, portanto, devemos estar preparados para recebê-la e lidar com ela. A sociedade fechada tenta descobrir os nichos da mudança 'perigosa', inimiga. Só destruindo-os todos o medo passaria. Mas nunca se destroem todos e os ditadores, no fundo, sabem disso - até porque sabem o quanto o 'acaso', ou o não planeado, os ajudaram a subir ao poder em certa altura.
O medo que sentem será uma das causas da sua queda. Não sabendo como lidar com a abertura, a dispersão e o anonimato trazidos pelas novas redes sociais e pelas novas formas de comunicação, os regimes ditatoriais desesperam e disparam para todos os lados sem atingir o 'inimigo'.
O verdadeiro inimigo, porém, é o medo.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
alunos ilegais na UKB
Dizem que o Reitor da UKB decidiu que todos os alunos que entraram no ISCED sem condições para isso fossem retirados da instituição e que fossem reintegrados aqueles que, tendo nota para entrar, ficaram de fora.
Se realmente se cumprir será sem dúvida um grande passo.
Se realmente se cumprir será sem dúvida um grande passo.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
isced benguela departamento de assuntos académicos
Desde que entrou a nova chefia do ISCED-Benguela que o DAC (Departamento de Assuntos Académicos) não faz nada - bom, nada do que lhe compete.
Em Fevereiro obrigaram os professores a passarem as notas das pautas para os livros; agora requisitaram todas as secretárias de todos os departamentos sob argumento de que o DAC tem muito serviço. Os departamentos ficaram sem secretárias, com os chefes de departamento a fazerem o papel delas, e o DAC, mesmo assim, manda os alunos irem aos departamentos resolver problemas que devem ser resolvidos no DAC.
A atual direção do ISCED, sem dúvida, está completamente desorientada. Próprio de quem não estava preparado para assumir responsabilidades destas e, tendo assumido, pensou logo em tramar colegas, travar a progressão científica dos colegas, fazer entrar alunos e fazê-los passar de ano sem condições para isso (a troco, naturalmente, de alguma coisa), criar benesses próprias, cortar qualquer intercâmbio com o exterior sob alegação de que não há dinheiro, ou de que os professores não devem sair em tempo de aulas... um longo etc.
A instabilidade no ISCED continua, portanto. Essa instituição é o grande problema da Universidade Katyavala Bwila. E, curiosamente, todas as últimas direções do ISCED-Benguela têm algo em comum: elementos que fizeram parte das chefias desde que o Dr. Kalelessa tomou conta da instituição. Pelos vistos, os reitores que vieram de Luanda ainda não perceberam a importância deste traço comum. Seria conveniente reunirem-se com antigos dirigentes do ISCED-Benguela, anteriores aos mandatos do Dr. Kalelessa, para se aconselharem com eles sobre o caminho a seguir.
Em Fevereiro obrigaram os professores a passarem as notas das pautas para os livros; agora requisitaram todas as secretárias de todos os departamentos sob argumento de que o DAC tem muito serviço. Os departamentos ficaram sem secretárias, com os chefes de departamento a fazerem o papel delas, e o DAC, mesmo assim, manda os alunos irem aos departamentos resolver problemas que devem ser resolvidos no DAC.
A atual direção do ISCED, sem dúvida, está completamente desorientada. Próprio de quem não estava preparado para assumir responsabilidades destas e, tendo assumido, pensou logo em tramar colegas, travar a progressão científica dos colegas, fazer entrar alunos e fazê-los passar de ano sem condições para isso (a troco, naturalmente, de alguma coisa), criar benesses próprias, cortar qualquer intercâmbio com o exterior sob alegação de que não há dinheiro, ou de que os professores não devem sair em tempo de aulas... um longo etc.
A instabilidade no ISCED continua, portanto. Essa instituição é o grande problema da Universidade Katyavala Bwila. E, curiosamente, todas as últimas direções do ISCED-Benguela têm algo em comum: elementos que fizeram parte das chefias desde que o Dr. Kalelessa tomou conta da instituição. Pelos vistos, os reitores que vieram de Luanda ainda não perceberam a importância deste traço comum. Seria conveniente reunirem-se com antigos dirigentes do ISCED-Benguela, anteriores aos mandatos do Dr. Kalelessa, para se aconselharem com eles sobre o caminho a seguir.
terça-feira, 3 de maio de 2011
vargas llosa no congo
O grande escritor cubano foi ao Congo por 15 dias e trouxe uma reportagem sensível: nunca viu tanta pobreza! É comum que, na América Latina e na Europa, a pobreza de certos países não seja realmente conhecida, não passando de um lugar-comum que se repete automaticamente. Quando se deparam com a realidade, sendo minimamente honestos, reagem assim.
Até aí tudo bem. O pior é a explicação: "la gestión colonial deshizo el país, destruyó su estructura. Y ahora Congo yace sin un Estado, dividido en pequeñas regiones controladas por caudillos, facciones y bandas. Hay 10 o 20 guerras a la vez".
Passando por cima dos conflitos pós-independência, da gestão de Mobutu (que, no seu declínio sobretudo, conduziu o país ao caos em que se encontra) e sobre o próprio facto de se tratar do mais artificial dos países africanos, com uma extensão difícil de gerir e uma base populacional sem nada em comum, o escritor peruano encontra a razão que o mesmo 'blá-blá' na Europa e América Latina arranja para todos os males de África: o colonialismo.
Ora o colonialismo europeu, como todo o colonialismo, fez muito mal a África, sem dúvida. Um mal, de resto, foi mesmo ter-se criado esse país em torno de uma colónia desenhada sobre a ignorância e o espírito de rapina. Dizer, porém, o que diz Llosa é, no mínimo, um anacronismo: pura e simplesmente o país não existia antes do colonialismo, portanto o regime colonial não podia ter desfeito o que não existia. O drama do Congo merecia melhor atenção e menos precipitação, que fica mal a um homem daquela estatura.
Até aí tudo bem. O pior é a explicação: "la gestión colonial deshizo el país, destruyó su estructura. Y ahora Congo yace sin un Estado, dividido en pequeñas regiones controladas por caudillos, facciones y bandas. Hay 10 o 20 guerras a la vez".
Passando por cima dos conflitos pós-independência, da gestão de Mobutu (que, no seu declínio sobretudo, conduziu o país ao caos em que se encontra) e sobre o próprio facto de se tratar do mais artificial dos países africanos, com uma extensão difícil de gerir e uma base populacional sem nada em comum, o escritor peruano encontra a razão que o mesmo 'blá-blá' na Europa e América Latina arranja para todos os males de África: o colonialismo.
Ora o colonialismo europeu, como todo o colonialismo, fez muito mal a África, sem dúvida. Um mal, de resto, foi mesmo ter-se criado esse país em torno de uma colónia desenhada sobre a ignorância e o espírito de rapina. Dizer, porém, o que diz Llosa é, no mínimo, um anacronismo: pura e simplesmente o país não existia antes do colonialismo, portanto o regime colonial não podia ter desfeito o que não existia. O drama do Congo merecia melhor atenção e menos precipitação, que fica mal a um homem daquela estatura.
liberdade de imprensa...
A liberdade de imprensa é um dos pilares de uma sociedade aberta e democrática.
Os atentados evidentes à liberdade de imprensa são conhecidos mundialmente. Mas às vezes a liberdade de imprensa é ameaçada, ou não se concretiza, quando na aparência até existe.
Por exemplo quando escrevemos algum texto e somos depois pressionados no trabalho, com ameaças mais e menos veladas, que nos vão avisando sobre os perigos de continuar assim, perder emprego, ou mostrando os 'erros' que estamos a cometer e que devíamos emendar, porque é preciso liberdade com responsabilidade, etc.
Por outro exemplo quando nos dizem que podíamos até ver certos problemas resolvidos mas, para sermos ajudados, também temos que ajudar, parece até que mostramos má vontade, porque realmente mostramos qualidades e, portanto, podíamos até evoluir, mas é preciso mostrar vontade de colaborar também, né, tás a perceber né?
Por outro exemplo ainda quando chamam amigos ou conhecidos comuns e, sob vários pretextos, os convencem a manter-se afastados de nós, como se sofrêssemos de doenças contagiosas...
Entre nós, dadas as dificuldades económicas para implantar uma imprensa realmente livre, independente, isenta, é o acesso à Internet que nos permite transpor a fronteira da liberdade.
A democraticidade trazida pela Internet, porém, só se manterá se tivermos coragem para enfrentar essas pressões locais. Muitas vezes não se trata mesmo de nada que venha do governo central, mas vem de um grupo que tem ligações ao poder e que, em nome dele (por haver o passado que houve), amedronta as pessoas para esconder a sua própria incompetência e corrupção.
Nos meios pequenos, assim que se identifica o autor de uma página, de um 'blogue', de um 'sítio' (e porquê a preocupação em identificá-lo, em lhe fazer a ficha?), ele começa a sofrer pressões. É o problema, principalmente, das províncias, onde muitas vezes pequenas máfias político-económicas locais conseguem implantar, em nome do governo ou da polícia, um regime de terror sob a aparência da democracia.
Esse é, entre nós em Angola, neste momento, o maior perigo para a liberdade de imprensa - ou pelo menos para que haja exercício de liberdade em todo o território nacional. Embora não tenham desaparecido, completamente, os outros perigos - mas foram reduzidos a um nível bastante baixo, é verdade.
Os atentados evidentes à liberdade de imprensa são conhecidos mundialmente. Mas às vezes a liberdade de imprensa é ameaçada, ou não se concretiza, quando na aparência até existe.
Por exemplo quando escrevemos algum texto e somos depois pressionados no trabalho, com ameaças mais e menos veladas, que nos vão avisando sobre os perigos de continuar assim, perder emprego, ou mostrando os 'erros' que estamos a cometer e que devíamos emendar, porque é preciso liberdade com responsabilidade, etc.
Por outro exemplo quando nos dizem que podíamos até ver certos problemas resolvidos mas, para sermos ajudados, também temos que ajudar, parece até que mostramos má vontade, porque realmente mostramos qualidades e, portanto, podíamos até evoluir, mas é preciso mostrar vontade de colaborar também, né, tás a perceber né?
Por outro exemplo ainda quando chamam amigos ou conhecidos comuns e, sob vários pretextos, os convencem a manter-se afastados de nós, como se sofrêssemos de doenças contagiosas...
Entre nós, dadas as dificuldades económicas para implantar uma imprensa realmente livre, independente, isenta, é o acesso à Internet que nos permite transpor a fronteira da liberdade.
A democraticidade trazida pela Internet, porém, só se manterá se tivermos coragem para enfrentar essas pressões locais. Muitas vezes não se trata mesmo de nada que venha do governo central, mas vem de um grupo que tem ligações ao poder e que, em nome dele (por haver o passado que houve), amedronta as pessoas para esconder a sua própria incompetência e corrupção.
Nos meios pequenos, assim que se identifica o autor de uma página, de um 'blogue', de um 'sítio' (e porquê a preocupação em identificá-lo, em lhe fazer a ficha?), ele começa a sofrer pressões. É o problema, principalmente, das províncias, onde muitas vezes pequenas máfias político-económicas locais conseguem implantar, em nome do governo ou da polícia, um regime de terror sob a aparência da democracia.
Esse é, entre nós em Angola, neste momento, o maior perigo para a liberdade de imprensa - ou pelo menos para que haja exercício de liberdade em todo o território nacional. Embora não tenham desaparecido, completamente, os outros perigos - mas foram reduzidos a um nível bastante baixo, é verdade.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
museveni o revoltoso opressor
a vida política no Uganda complica-se de dia para dia com a prisão de vários opositores.
Museveni, Yoweri Kaguta Museveni, nascido no Uganda ocidental em 1944, envolveu-se na guerra que depôs o ditador louco, Idi Amin Dada; mais tarde (1985) envolveu-se na rebelião que derrubou Milton Obote (que, no seu segundo momento à frente dos destinos do país [Obote II], conseguiu cifrar em 300 mil os civis cuja morte lhe pode ser imputada).
O seu combate ao HIV-SIDA, a relativa estabilidade conseguida (desde que tomou posse, em Janeiro de 1986, como presidente do Uganda), o razoável crescimento económico da maior parte do país (exceto o norte) e o currículo de revoltoso anti-ditatorial criaram esperanças maiores num político africano responsável, eficaz e liberal (no sentido de não ofender as liberdades humanas).
Anos passados, revela que, afinal, quando os assuntos do Estado, ou da Nação, começam a correr menos mal, o recurso à força continua a ser a resposta. Prende oposicionistas, teme manifestações e, no entanto, critica o líder líbio.
Mas ele envolveu-se na segunda guerra do Congo, invadindo a RDC, envolveu-se negativamente na política dos Grandes Lagos e aboliu o limite de mandatos para presidente quando das eleições de 2006. Portanto, já nos tinha dado sinais de que, afinal, como Gbagbo, era mais um revoltoso opressor do que um exemplo para as novas lideranças africanas.
Museveni, Yoweri Kaguta Museveni, nascido no Uganda ocidental em 1944, envolveu-se na guerra que depôs o ditador louco, Idi Amin Dada; mais tarde (1985) envolveu-se na rebelião que derrubou Milton Obote (que, no seu segundo momento à frente dos destinos do país [Obote II], conseguiu cifrar em 300 mil os civis cuja morte lhe pode ser imputada).
O seu combate ao HIV-SIDA, a relativa estabilidade conseguida (desde que tomou posse, em Janeiro de 1986, como presidente do Uganda), o razoável crescimento económico da maior parte do país (exceto o norte) e o currículo de revoltoso anti-ditatorial criaram esperanças maiores num político africano responsável, eficaz e liberal (no sentido de não ofender as liberdades humanas).
Anos passados, revela que, afinal, quando os assuntos do Estado, ou da Nação, começam a correr menos mal, o recurso à força continua a ser a resposta. Prende oposicionistas, teme manifestações e, no entanto, critica o líder líbio.
Mas ele envolveu-se na segunda guerra do Congo, invadindo a RDC, envolveu-se negativamente na política dos Grandes Lagos e aboliu o limite de mandatos para presidente quando das eleições de 2006. Portanto, já nos tinha dado sinais de que, afinal, como Gbagbo, era mais um revoltoso opressor do que um exemplo para as novas lideranças africanas.
aulas e fossas
As aulas no Iraque (ISCED-Benguela, salas anexas) continuam a dar-se junto a fossas a céu aberto, que exportam 'água' para o acesso às salas e ficam mesmo junto às janelas.
Sendo mal antigo e por todos conhecido, qual a justificação para se manter?
Sendo mal antigo e por todos conhecido, qual a justificação para se manter?
bin laden morreu
Pena que a morte venha a ser o alívio. Mas é justo quando quem morre manda matar civis e inocentes em plena consciência do que faz.
domingo, 1 de maio de 2011
o ditador e o filho
Depois de mandar matar um número incontável de pessoas sem a menor preocupação, o ditador apela à piedade cristão porque o seu filho mais novo, estudante na Alemanha, morreu escondido num abrigo militar.
Se o pai já tivesse morrido o filho estaria vivo.
Se o pai já tivesse morrido o filho estaria vivo.
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