sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Um teste sério ao governo de João Lourenço


O Novo jornal de hoje retoma a denúncia da Procuradoria (PGR) relativamente aos titulares de cargos públicos que não entregaram declaração de bens. A notícia reporta, ainda, algumas vozes discordantes que apontam para melhoramentos à lei. 


Esta será uma prova contundente para o governo de João Lourenço. Por ela aferiremos acerca da verdadeira determinação do Presidente e seus ministros em dar fim à dorrupção desenfreada que asfixia o país. 

Ela terá dois momentos: primeiro, que fará agora o Presidente, ou que farão os seus ministros (em particular o da Justiça, Francisco Queiroz)? Obrigam os titulares a entregar a Declaração de Bens? É a única decisão que os fará passar no teste. 

Segundo momento: que farão o Presidente e o governo face às sugestões apontadas? Não mudam nada nem comentam - e, portanto, fazem 'ouvidos de burro', continuando as práticas anteriores? Não mudam e fundamentam a imutabilidade? Ou mudam o que entenderem que melhora realmente e comunicam o fundamento, as razões da mudança?

Acho que não sou só eu que estou curioso. 



Declaração de bens 

"Titulares de cargos públicos ignoram a lei Sem apontar números precisos sobre os titulares de cargos públicos faltosos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) veio esta semana a público informar que o Presidente João Lourenço já tem em sua posse o nome dos dirigentes que ignoraram a lei e não procederam à entrega das declarações de bens, pelo que, segundo a informação da PGR, estão agora sujeitos a sanções. A Lei de Probidade Pública prevê sansões aos titulares de cargos públicos que não declararem os seus bens. Em Novembro de 2017, um grupo de activistas fez chegar à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma petição com 671 assinaturas certificadas, pedindo que fiscalizasse os novos titulares de cargos pú- blicos a fazerem a entrega obrigatória da declaração de bens. A PGR não se fez de rogada e reagiu alguns dias depois da entrega da petição, alertando as entidades para a necessidade de declararem o seu património. Entretanto, em entrevista à Voz da América, o jurista e deputado David Mendes chamou a atenção para o facto da especificidade da declaração de bens que, segundo disse, “não é aberta ao público” e que a a PGR só pode ter acesso a essa informação caso haja uma investigação. “A declaração é feita em carta selada e nem mesmo a PGR a deve abrir”, lembrou David Mendes. A PGR “é apenas fiel depositário, pois a carta mantém-se fechada num cofre”, afirmou o jurista que especificou que essa declaração só pode ser analisada em caso de investigação de um crime. Uma outra reacção é a de Pedro Caparacata, que afirma que “a declaração de bens nos moldes actuais não resolve o problema. “Sempre defendi e ainda defendo que declarar os bens não resolve o problema porque esta declaração só é feita um mês depois da tomada de posse."