Relatórios, em geral, não servem para nada nos níveis médios e inferiores das administrações públicas. Ninguém os lê. São mera formalidade.
No entanto não pensou mal a comissão de gestão do ISCED-Benguela em pedir relatórios aos professores sobre como correu o 1.º semestre. Se os lerem, foi muito bem pedido. Se não os lerem, pelo menos uma vez (esta), os professores fazem um relatório que os obriga a pensar no que se passou e que lhes permite dizer depois, para se defenderem, que falaram nos problemas da instituição nos seus relatórios. O simples facto de se ter de os escrever, já obriga a repensar um bocado aquilo que foi feito, ou que não foi e devia ter sido.
O que é de estranhar é que isto constitua novidade. Afinal, é um ato normal e saudável de gestão. Só anulado porque ninguém depois dá sequência aos relatórios.
A ausência de pedidos destes demonstra bem como a Instituição andava à deriva, como ninguém estava preocupado com ela, nem com os problemas que os professores enfrentassem. De maneira que esta comissão de gestão está de parabéns - no que a isso diz respeito.
terça-feira, 28 de junho de 2011
solução namibiana
Lembrando-se de uma solução namibiana, um político da UNITA, na última campanha eleitoral, criticou que pensassem apenas em asfaltar estradas e defendia que podiam fazer estradas muito boas sem asfalto.
Devemos ter mais ambição do que soluções de recurso e, nesse aspeto pelo menos, foi muito bom que a UNITA não ganhasse as eleições.
Mas a solução provisória, tipo do mal o menos, está agora a ser aplicada... nas ruas de Benguela. Não remendaram buracos com asfalto mas com terra e pedras. Embora tudo vá embora com as primeiras chuvadas (e até se desgasta antes), pelo menos durante algum tempo as vias ficam um bocado melhores, evitando problemas de trânsito e até acidentes. Não sendo solução, alivia.
Mas a solução provisória, tipo do mal o menos, está agora a ser aplicada... nas ruas de Benguela. Não remendaram buracos com asfalto mas com terra e pedras. Embora tudo vá embora com as primeiras chuvadas (e até se desgasta antes), pelo menos durante algum tempo as vias ficam um bocado melhores, evitando problemas de trânsito e até acidentes. Não sendo solução, alivia.
domingo, 19 de junho de 2011
sair da UNITA ou entrar no MPLA?
A propósito da entrada de Aniceto Hamukwaya no MPLA, comenta-se de novo o mal-estar da UNITA, a fragilidade das oposições, etc. Embora seja nítido que a UNITA não tem conseguido protagonizar uma vaga de mudança, também é verdade que as condições são bastante difíceis e, se isso não serve de desculpa, explica algumas coisas.
No caso concreto de Aniceto Hamukwaya, há vários anos que ele se manifestava desiludido com a política e dizia que só queria mesmo era dedicar-se aos negócios. A pergunta a fazer não é, portanto, porque saiu da UNITA, mas porque é que alguém desiludido com a política, apostado em se dedicar apenas aos negócios, entra no MPLA.
E há que reconhecer o grande poder do MPLA para ajudar qualquer empresário a ter sucesso...
quarta-feira, 15 de junho de 2011
a luz em benguela
... ilumina durante o dia os buracos na rua, mas falha cada vez mais, em pleno cacimbo, quando o consumo baixa.
NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO
Texto de Pezarat Correia censurado no Diário de notícias em Portugal aparece no blogue de Angolano de Andrade
(sobre Paulo Portas e as razões porque não devia ser ministro em Portugal - inclui menção à classificação da morte em combate de Jonas Savimbi como "assassinato", feita por Paulo Portas em 2002).
segunda-feira, 13 de junho de 2011
domingo, 12 de junho de 2011
coligação anti-democrática
Faz hoje dois anos que eleições fraudulentas no Irão deram maioria esmagadora ao atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad. A repressão sangrenta que se seguiu às manifestações populares, que denunciavam a fraude perguntando 'onde está o meu voto?', mostrou que não há democraticidade nenhuma no atual Irão, mas uma farsa de mau gosto onde a simulação de existência de oposição serve apenas para avisar os incautos sobre os perigos de se oporem.
Conhecemos isso de há muitos anos e em muitos países - por exemplo na Angola do tempo de Salazar. Hoje mesmo foi posto a circular nas televisões o testemunho de um soldado sírio desertor que veio confirmar o que já sabíamos: que os iranianos e o 'Partido de Deus' libanês ajudam a esmagar a revolta popular pedindo liberdade e democracia. O Hezbollah paga o apoio que tem recebido da Síria. O Irão tem o prémio pelo sucesso na repressão aos seus oposicionistas. A Síria, um país onde até há pouco tempo algumas minorias não tinham sequer direito de cidadania, recolhe os frutos dos apoios que tem dado a grupos ditatoriais entre países vizinhos. Ditatoriais e xiitas. Porque o clã do presidente é xiita - num país de ampla maioria sunita. O pai do presidente e o partido no poder foram mais inteligentes: instalaram um regime laico, para que a maioria religiosa não fosse politicamente invocada. O mesmo fez o mesmo partido no Iraque, antes e durante o regime de Saddam Hussein. Tal como no Iraque (onde a maioria era xiita e a minoria sunita - embora uma minoria de cerca de 30%), em desespero de causa o regime totalitário do partido Ba'ath (o mesmo do Iraque na versão síria) joga a cartada religiosa para tentar sobreviver.
O cinismo de alguns países na arena internacional levanta-se mais uma vez e muitos grupos de esquerda agitam a bandeira do anti-imperialismo para evitar que a ONU denuncie a sangrenta repressão levada a cabo pelos sírios. O que está em causa não é a luta contra o imperialismo, mas a luta pela liberdade em países profundamente injustos, autocráticos, repressivos e oligárquicos.
O mesmo se passa com a Líbia. Não foram os imperialistas que inventaram a revolta na Líbia, foram os próprios líbios, que estavam fartos das farsas do coronel, sustentadas à custa de prisões, torturas, mortes e outras medidas típicas de países ditatoriais. Se o imperialismo norte-americano aproveitou a oportunidade, fez muito bem. Se todos aproveitássemos para denunciar e combater mais essas ditaduras, todos teríamos moralidade para reclamar depois a amizade dos sírios e dos líbios.
Mas não é inocente o apoio (ou as reservas à denúncia) por parte de países como a Venezuela (onde o ditador Chávez impôs reformas rejeitadas em referendo), a Rússia (onde o ditador Putin reprime a oposição cada vez mais descaradamente), a China (que tem levado a cabo séries sangrentas de repressão política), a Bolívia (que tenta implantar no seu território uma ditadura marxista e dá abrigo às FARC como a Venezuela), e um disseminado etc. que reúne vários países com índices sofríveis de democracia, quando não claramente ditatoriais.
No meio disto, não se compreende a posição do nosso MRE sobre a Líbia. Deu azo a um verdadeiro puxão de orelhas por parte do representante da União Europeia em Luanda. Sem necessidade nenhuma. E o que tinha antes defendido a política externa angolana? Laurent Gbagbo...
terça-feira, 7 de junho de 2011
o perfeito samakuva e o camarada numa - comparação
Democraticamente eleito, Isaías Samakuva tem-se revelado um chefe político medíocre para além de dois ou três discursos notáveis.
Não soube prever nem evitar a tempo a fraude, não se antecipa às manobras ardilosas e hábeis do MPLA (por vezes até cai nas armadilhas de propaganda dos camaradas), não galvaniza a população, não tem evitado que a UNITA constitua uma pequena elite com defeitos cada vez mais parecidos com os do partido no poder e não chega às ruas nem aos quimbos e sanzalas.
Por várias vezes houve vozes dos maninhos que manifestamente colocaram reservas à liderança de Samakuva. Mas eis que ele vem agora dizer, angelical, que não acredita que existam vozes discordantes no seu partido! É por aí mesmo que a ditadura começa: pela surdez e pela insensibilidade.
Muito mais inteligente continua a mostrar-se a atuação de Kamalata Numa. Ainda este fim de semana, no Lobito (onde vem contrariando a eventual influência de Jorge Valentim), voltou a reafirmar que a oposição deve ser feita dentro da lei constitucional e que a Constituição é suficiente para garantir a liberdade. Por onde se conclui:quando a manifestação livre e ordeira de cidadãos é reprimida não se está a respeitar a Constituição. Portanto, é preciso obrigar a PIR e certos elementos do partido no poder a respeitar a Constituição do país.
De resto, pela sua atividade política Numa já mostrou que o seu sentido estratégico não funciona apenas para campanhas militares e a intimidação que sofreu, sob a farsa jurídica que a AN lhe moveu, é bem mostra de que o partido no poder o sente como elemento perigoso. No entanto, não é um perigo para a democracia. Pelo menos enquanto respeitar as leis e enquanto não disser que não há vozes discordantes na UNITA...
Não soube prever nem evitar a tempo a fraude, não se antecipa às manobras ardilosas e hábeis do MPLA (por vezes até cai nas armadilhas de propaganda dos camaradas), não galvaniza a população, não tem evitado que a UNITA constitua uma pequena elite com defeitos cada vez mais parecidos com os do partido no poder e não chega às ruas nem aos quimbos e sanzalas.
Por várias vezes houve vozes dos maninhos que manifestamente colocaram reservas à liderança de Samakuva. Mas eis que ele vem agora dizer, angelical, que não acredita que existam vozes discordantes no seu partido! É por aí mesmo que a ditadura começa: pela surdez e pela insensibilidade.
Muito mais inteligente continua a mostrar-se a atuação de Kamalata Numa. Ainda este fim de semana, no Lobito (onde vem contrariando a eventual influência de Jorge Valentim), voltou a reafirmar que a oposição deve ser feita dentro da lei constitucional e que a Constituição é suficiente para garantir a liberdade. Por onde se conclui:quando a manifestação livre e ordeira de cidadãos é reprimida não se está a respeitar a Constituição. Portanto, é preciso obrigar a PIR e certos elementos do partido no poder a respeitar a Constituição do país.
De resto, pela sua atividade política Numa já mostrou que o seu sentido estratégico não funciona apenas para campanhas militares e a intimidação que sofreu, sob a farsa jurídica que a AN lhe moveu, é bem mostra de que o partido no poder o sente como elemento perigoso. No entanto, não é um perigo para a democracia. Pelo menos enquanto respeitar as leis e enquanto não disser que não há vozes discordantes na UNITA...
julgamento do primeiro-ministro islandês
No meio de tantas turbulências e mudanças o julgamento do primeiro-ministro da Islândia passa despercebido, mas é um facto importante para a credibilidade do sistema democrático e, mesmo, partidário.
Geeir H. Haarde, que era o chefe do governo em 2008, quando se deu a crise bancária que obrigou os islandeses a recorrer ao FMI, não deu nenhuma importância aos repetidos avisos que lhe foram feitos. Inclusivé o próprio Banco Nacional alertara para a necessidade de se tomarem medidas e Haarde nada fez, comodamente continuou sentado na fofa cadeira do poder.
A incompetência constante, recorrente, sistemática dos políticos partidários europeus tem vindo a prejudicar mais a Europa do que os imigrantes, os emigrantes e, mesmo, os ditadores do norte de África...
O sistema partidário gera líderes como quem gera cápsulas de garrafas e eles para pouco mais servem do que para aguentar a pressão dentro dos limites de vidro grosso. Uma impunidade permanente os rodeia. Nunca são obrigados a dar conta da má gestão que fazem dos países, das promessas que não cumprem, da contradição entre o discurso eleitoral e, desde logo, o discurso de posse.
Na Islândia, por exemplo, foi criado com o país um tribunal para julgar governantes, o Landsdómur. Nos quase 67 anos de independência do país o tribunal nunca reuniu...
Como, no entanto, a estrutura existia, foi só ativá-la e agora vemos o fofo primeiro-ministro na barra do Tribunal - onde se vai defender tentando trocar vírgulas mal colocadas pela acusação por uma impunidade real, injustificável, ilegítima.
Seria bom que, na construção da democracia angolana e do seu edifício jurídico, se criasse um Tribunal especificamente para julgar os governantes - quer por corrupção, quer por incompetência, má gestão, gestão perdulária, etc. E que os governantes, aqui como em todo o mundo, assumissem (mesmo juridicamente) os programas eleitorais como contratos de prestação de serviços que, uma vez não prestados, obrigam à criminalização da gestão política.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
abstenção democrática
O presidente português, Aníbal Cavaco Silva, ciente de que a abstenção tinha aumentado, disse que quem não votasse não devia criticar. Digamos, lusitanamente, que foi uma azelhice política. Os que mais autoridade têm para criticar o sistema partidocrático são precisamente os que não votam para não legitimarem o sistema que denunciam.
É uma tendência das democracias europeias, a de uma cada vez maior abstenção. Mesmo nos países em que, oficialmente, pode haver candidaturas independentes, o que se passa é que o eleitor não pode criar a sua escolha, tem de criar na prática um partido político para depois o dominar, em bando e com dinheiro de empresários ou de potências estrangeiras. Ao fim do longo (e pouco límpido) percurso poderá apresentar-se às urnas. Que independência, que margem de manobra e que autenticidade lhe sobra?
O que os eleitores têm à sua frente, num boletim de voto universal, é a escolha entre meia dúzia de possibilidades combinadas por meia dúzia (se tanto) de partidos. O que permite formar-se a oligarquia que domina a Europa democrática, uma junção radio-ativa e cancerígena de empresários, politiqueiros, intriguistas e mafiosos.
Depois as populações boicotam os votos. Num dos casos ocorridos nestas eleições portuguesas, para que os políticos, democraticamente eleitos, consigam arranjar uma estrada que está há 10 anos à espera de ser arranjada...
A lição a extrair desta situação corrosiva e explosiva é bem diferente da que tirou o presidente da república portuguesa. Ela deve servir todas as jovens democracias, todos os povos que lutam por democracia, liberdade, participação livre na vida política. A lição a extrair é a de que a democracia deve ser para todos e, portanto, deve abrir-se a candidaturas fora dos partidos políticos admitidos. Deve simplificar-se ao máximo o processo de apresentação de candidaturas e deve, quanto possível, estimular-se a sociedade civil e os diversos órgãos sociais (sindicatos livres, associações de empresários, comités de bairros, etc.) a apresentarem candidaturas próprias a todos os cargos elegíveis.
O voto obrigatório, pelo contrário, deve ser recusado. É uma contradição nos termos e é uma imposição que disfarça mas não resolve a quebra de legitimidade da democracia partidária.
Pode ser que, para nós, aqui em Angola, essa lição ainda venha a servir um dia.
É uma tendência das democracias europeias, a de uma cada vez maior abstenção. Mesmo nos países em que, oficialmente, pode haver candidaturas independentes, o que se passa é que o eleitor não pode criar a sua escolha, tem de criar na prática um partido político para depois o dominar, em bando e com dinheiro de empresários ou de potências estrangeiras. Ao fim do longo (e pouco límpido) percurso poderá apresentar-se às urnas. Que independência, que margem de manobra e que autenticidade lhe sobra?
O que os eleitores têm à sua frente, num boletim de voto universal, é a escolha entre meia dúzia de possibilidades combinadas por meia dúzia (se tanto) de partidos. O que permite formar-se a oligarquia que domina a Europa democrática, uma junção radio-ativa e cancerígena de empresários, politiqueiros, intriguistas e mafiosos.
Depois as populações boicotam os votos. Num dos casos ocorridos nestas eleições portuguesas, para que os políticos, democraticamente eleitos, consigam arranjar uma estrada que está há 10 anos à espera de ser arranjada...
A lição a extrair desta situação corrosiva e explosiva é bem diferente da que tirou o presidente da república portuguesa. Ela deve servir todas as jovens democracias, todos os povos que lutam por democracia, liberdade, participação livre na vida política. A lição a extrair é a de que a democracia deve ser para todos e, portanto, deve abrir-se a candidaturas fora dos partidos políticos admitidos. Deve simplificar-se ao máximo o processo de apresentação de candidaturas e deve, quanto possível, estimular-se a sociedade civil e os diversos órgãos sociais (sindicatos livres, associações de empresários, comités de bairros, etc.) a apresentarem candidaturas próprias a todos os cargos elegíveis.
O voto obrigatório, pelo contrário, deve ser recusado. É uma contradição nos termos e é uma imposição que disfarça mas não resolve a quebra de legitimidade da democracia partidária.
Pode ser que, para nós, aqui em Angola, essa lição ainda venha a servir um dia.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
reitoria da UKB de parabéns
Finalmente, a reitoria da UKB percebeu que a direção do ISCED-Benguela, não só era corrupta, mas também desobedecia às orientações do Reitor e manifestava uma total irresponsabilidade e incompetência.
A demissão da direção do ISCED-Benguela só peca por tardia. E vem dar razão ao Semanário angolense: afinal, Paulo de Carvalho estava certo. Porque, note-se, dois dos membros dessa direção, particularmente o ex-decano José Augusto, foram dos mais aguerridos críticos e manifestantes contra o antigo reitor. Agora sabemos porquê.
A demissão da direção do ISCED-Benguela só peca por tardia. E vem dar razão ao Semanário angolense: afinal, Paulo de Carvalho estava certo. Porque, note-se, dois dos membros dessa direção, particularmente o ex-decano José Augusto, foram dos mais aguerridos críticos e manifestantes contra o antigo reitor. Agora sabemos porquê.
direção do ISCED-Benguela demitida
Mais uma direção do ISCED demitida por corrupção. Mais uma vez, também, a direção demitida era constituída maioritariamente por professores do departamento de Ciências de Educação ligados ao antigo decano Kalelessa. Decano que arruinou as finanças do ISCED e do ex-CUB sem que nenhum benefício académico ou científico se verificasse, pelo que não se entende que o mesmo seja hoje secretário-geral da reitoria da UKB - justamente, aquele por quem passam todos os assuntos financeiros.
Se o objetivo é acabar com a má gestão e a corrupção não se percebe estas nomeações.
Se o objetivo é acabar com a má gestão e a corrupção não se percebe estas nomeações.
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