Quem chega hoje ao Hotel Mombaka não pode fazer ideia do que foi aquele edifício: um marco notável da arquitetura modernista em África.
A reformulação do Hotel, em vez de respeitar a traça original (arejada, adaptada ao ambiente e sem agredir o espaço público), inspirou-se no ar pesado, pretensioso e neo-clássico de certas unidades hoteleiras europeias (eles, porém, imitam as suas tradições e o ar pesado, majestoso, fechado, não fica mal naqueles invernos). Com isso engoliu a maior parte do passeio, privatizou absolutamente o espaço ajardinado em frente, construiu ali uns anexos que, tal como o edifício reformulado, ofendem o ambiente e a traça arquitectónica original.
Quando se entra sente-se o ar abafado apesar do disfarce do ar condicionado; os porteiros atendem-nos com uma fatiota ridícula para o lugar e contexto.
Nos quartos há pequenos equipamentos que faltam para um hotel com esta pretensão: na casa de banho não temos um bidé, nem cortina da banheira, nem suporte para o chuveiro na parede; no guarda-fato coisas tão simples como cabides não existem; no quarto propriamente dito falta a luz no tecto, sobre a cama; há lugar para colocar o computador e trabalhar, mas a mesinha não tem candeeiro nem há tomada de luz perto para ligar o computador. Uma autêntica fantochada - e ainda houve quem elogiasse o que foi feito!
Além disso, há equipamentos muito mal colocados e não condizendo em nada com a pretensão do edifício. Por exemplo: a cortina da casa de banho (a da janela exterior) não combina com mais nada naquela divisão e é do mais barato que se encontra nas lojas dos chineses ou dos libaneses; o piassaba e respetivo assento, ou suporte, são de plástico ordinário (comum, vulgar), provavelmente comprado nas mesmas lojas; a porta de entrada da casa de banho, quando aberta, tapa completamente o sumptuoso móvel onde se encontra o lavatório. A janela de alguns quartos (das traseiras) dá para espaços ocupados ou por outros clientes ou por funcionários - de maneira que, se o cliente quer compensar a falta de luz no quarto abrindo a cortina perde completamente a privacidade.
O jardim em frente recebeu um anexo retangular muito feio para abrigar Encontros, Conferências, etc. O lago que havia ali passou a piscina e, no resto do ajardinado, instalou-se um bar de gosto muito duvidoso, com um palco onde passam de vez em quando as piores músicas e os piores leitores de poemas que já vi em Benguela.
Bom, vou parar de falar mal. Ou seja: calo-me por aqui. É mesmo - e só - mau gosto pretensioso.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
ISCED-Benguela em franca expansão
O ISCED - Benguela continua em franca expansão. À sua maneira, claro: a saída de docentes para, oficialmente pelo menos, fazerem doutoramentos e mestrados, foi decidida sem a devida previsão de substituições e sem a devida preparação das substituições dos professores que saíam. Resultado: a distribuição de serviço docente está um caos, com professores sobrecarregados de horários e a ensinar disciplinas sobre as quais nunca souberam mesmo nada.
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