domingo, 10 de junho de 2012
fábricas a seco junto ao rio catumbela
O anúncio da criação de novas unidades fabris em Benguela deixou alguma comunicação social alvoroçada. Sem dúvida, a província precisa disso, não poderá desenvolver-se baseada só na refinaria e na concentração de terminais de transporte (aéreo, ferroviário, naval).
Mas o alvoroço parece-me excessivo. Em primeiro lugar é preciso vermos o que vai mesmo ser implantado e avaliarmos depois de estar a funcionar. Em segundo lugar é preciso questionarmo-nos, cada vez mais, sobre a validade destes avanços quando continuamos cronicamente deficitários na habitação e habilitação de bairros, na distribuição de água e na produção de energia eléctrica ou de energias alternativas. Em terceiro lugar há que ver em que medida os recursos humanos ligados à província (por história pessoal ou familiar) vão beneficiar da criação destas fábricas. E, não menos importante, as localizações das fábricas em terrenos aráveis.
Como diz o povo: devagar e bem...
quarta-feira, 18 de abril de 2012
o racismo...
"O racismo, até então inexistente como uma característica predominante [...], pode estar florescendo por aqui.
A mentalidade maniqueísta que divide o povo entre brancos e pretos está por trás desse lamentável fato."
Mas não se preocupe, meu amigo: brancos já são poucos, os mulatos passam a chamar-se negros como EUA e a citação é de um sítio (site) brasileiro.
domingo, 11 de março de 2012
a segunda melhor universidade de áfrica ... depois da agostinho neto!
O Reitor da UKB tem, sem dúvida, um projecto para a Katyavala Bwila e tem sabido contornar os pontos polémicos, inevitáveis da sua caminhada. Mas o preço que paga pela 'paz' com a corrupção, a incompetência e o compadrio não se torna público, nem podia, né?
Tem sabido apostar, igualmente, nas unidades menos problemáticas (todas exceto o ISCED), fazendo-as crescer, tornando a UKB cada vez menos dependente do ISCED, ou melhor, esvaziando o ISCED do seu poder e destaque no quadro da UKB. É uma excelente estratégia.
Mas os problemas não desaparecem por um passe de mágica, nem adianta ocultá-los. Num momento em que sabemos que o ISCED está com maior défice de professores que antes (para já não falar de professores preparados para a profissão); num momento em que tornámos a ouvir vozes queixando-se de terem pago (indicaram-se nomes e tudo) 'gasosa' para entrar; num momento em que a província continua com falta de quadros académicos, o Reitor centra o seu discurso no desenvolvimento da UKB assente na criação de novos cursos e novas unidades.
Mas é tudo o que não temos condições para fazer! Como está então a ser feito? Quem está à frente do pólo da Ganda? Quem são os professores que asseguram os novos cursos? Quem são os docentes que substituem aqueles que partiram para doutoramento? Mas quem ouve o nosso Reitor fica com a impressão de estarmos no melhor dos mundos, a crescer e a desenvolver-nos a caminho de sermos, quem sabe, a segunda melhor universidade de África... depois da Agostinho Neto!
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
o assassinato do hotel Mombaka
Quem chega hoje ao Hotel Mombaka não pode fazer ideia do que foi aquele edifício: um marco notável da arquitetura modernista em África.
A reformulação do Hotel, em vez de respeitar a traça original (arejada, adaptada ao ambiente e sem agredir o espaço público), inspirou-se no ar pesado, pretensioso e neo-clássico de certas unidades hoteleiras europeias (eles, porém, imitam as suas tradições e o ar pesado, majestoso, fechado, não fica mal naqueles invernos). Com isso engoliu a maior parte do passeio, privatizou absolutamente o espaço ajardinado em frente, construiu ali uns anexos que, tal como o edifício reformulado, ofendem o ambiente e a traça arquitectónica original.
Quando se entra sente-se o ar abafado apesar do disfarce do ar condicionado; os porteiros atendem-nos com uma fatiota ridícula para o lugar e contexto.
Nos quartos há pequenos equipamentos que faltam para um hotel com esta pretensão: na casa de banho não temos um bidé, nem cortina da banheira, nem suporte para o chuveiro na parede; no guarda-fato coisas tão simples como cabides não existem; no quarto propriamente dito falta a luz no tecto, sobre a cama; há lugar para colocar o computador e trabalhar, mas a mesinha não tem candeeiro nem há tomada de luz perto para ligar o computador. Uma autêntica fantochada - e ainda houve quem elogiasse o que foi feito!
Além disso, há equipamentos muito mal colocados e não condizendo em nada com a pretensão do edifício. Por exemplo: a cortina da casa de banho (a da janela exterior) não combina com mais nada naquela divisão e é do mais barato que se encontra nas lojas dos chineses ou dos libaneses; o piassaba e respetivo assento, ou suporte, são de plástico ordinário (comum, vulgar), provavelmente comprado nas mesmas lojas; a porta de entrada da casa de banho, quando aberta, tapa completamente o sumptuoso móvel onde se encontra o lavatório. A janela de alguns quartos (das traseiras) dá para espaços ocupados ou por outros clientes ou por funcionários - de maneira que, se o cliente quer compensar a falta de luz no quarto abrindo a cortina perde completamente a privacidade.
O jardim em frente recebeu um anexo retangular muito feio para abrigar Encontros, Conferências, etc. O lago que havia ali passou a piscina e, no resto do ajardinado, instalou-se um bar de gosto muito duvidoso, com um palco onde passam de vez em quando as piores músicas e os piores leitores de poemas que já vi em Benguela.
Bom, vou parar de falar mal. Ou seja: calo-me por aqui. É mesmo - e só - mau gosto pretensioso.
A reformulação do Hotel, em vez de respeitar a traça original (arejada, adaptada ao ambiente e sem agredir o espaço público), inspirou-se no ar pesado, pretensioso e neo-clássico de certas unidades hoteleiras europeias (eles, porém, imitam as suas tradições e o ar pesado, majestoso, fechado, não fica mal naqueles invernos). Com isso engoliu a maior parte do passeio, privatizou absolutamente o espaço ajardinado em frente, construiu ali uns anexos que, tal como o edifício reformulado, ofendem o ambiente e a traça arquitectónica original.
Quando se entra sente-se o ar abafado apesar do disfarce do ar condicionado; os porteiros atendem-nos com uma fatiota ridícula para o lugar e contexto.
Nos quartos há pequenos equipamentos que faltam para um hotel com esta pretensão: na casa de banho não temos um bidé, nem cortina da banheira, nem suporte para o chuveiro na parede; no guarda-fato coisas tão simples como cabides não existem; no quarto propriamente dito falta a luz no tecto, sobre a cama; há lugar para colocar o computador e trabalhar, mas a mesinha não tem candeeiro nem há tomada de luz perto para ligar o computador. Uma autêntica fantochada - e ainda houve quem elogiasse o que foi feito!
Além disso, há equipamentos muito mal colocados e não condizendo em nada com a pretensão do edifício. Por exemplo: a cortina da casa de banho (a da janela exterior) não combina com mais nada naquela divisão e é do mais barato que se encontra nas lojas dos chineses ou dos libaneses; o piassaba e respetivo assento, ou suporte, são de plástico ordinário (comum, vulgar), provavelmente comprado nas mesmas lojas; a porta de entrada da casa de banho, quando aberta, tapa completamente o sumptuoso móvel onde se encontra o lavatório. A janela de alguns quartos (das traseiras) dá para espaços ocupados ou por outros clientes ou por funcionários - de maneira que, se o cliente quer compensar a falta de luz no quarto abrindo a cortina perde completamente a privacidade.
O jardim em frente recebeu um anexo retangular muito feio para abrigar Encontros, Conferências, etc. O lago que havia ali passou a piscina e, no resto do ajardinado, instalou-se um bar de gosto muito duvidoso, com um palco onde passam de vez em quando as piores músicas e os piores leitores de poemas que já vi em Benguela.
Bom, vou parar de falar mal. Ou seja: calo-me por aqui. É mesmo - e só - mau gosto pretensioso.
ISCED-Benguela em franca expansão
O ISCED - Benguela continua em franca expansão. À sua maneira, claro: a saída de docentes para, oficialmente pelo menos, fazerem doutoramentos e mestrados, foi decidida sem a devida previsão de substituições e sem a devida preparação das substituições dos professores que saíam. Resultado: a distribuição de serviço docente está um caos, com professores sobrecarregados de horários e a ensinar disciplinas sobre as quais nunca souberam mesmo nada.
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